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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Lenda da Escusa (Marvão)

[Diz-se que] S. Tiago […] viera [ao Porto da Espada] com os Cristãos perseguir os Mouros, e ao passar pela Escusa de hoje, tivera dito:
- “Ali se escusa de ir.”

Versão de Porto da Espada (Aramenha, Marvão), recolhida e publicada por Maria Tavares Transmontano (1979) – Subsídios para a Monografia do Porto da Espada […] (Concelho de Marvão), Viseu, Junta Distrital de Portalegre: 16.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Perninhas de Rã

Ingredientes
Perninhas de rã
tomate
cebola
alho
sal
pimentão verde
pimenta

Preparação
Faz-se um molho com tomate, cebola e alho e deixa-se refogar. Depois passa-se o molho pelo passador, devendo ficar grosso. As perninhas de rã devem estar já bem lavadas e temperadas com sal, após o que se colocam no molho e vão cozendo em lume brando, com umas tiras de pimentão verde e pimenta.

Receita retirada de Receitas e Menus

sábado, 23 de novembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RESENDE, André de

(n. Évora ca. 1500, m. Évora em 1573)

Humanista português. Ingressou com dez anos no convento da ordem de São Domingos. Frequentou depois várias universidades espanholas, como as de Alcalá de Herares e Salamanca. Doutorando-se nesta última.

Em 1533 foi convidado para mestre do infante D. Duarte. Transferiu-se por essa altura da ordem dominicana para a situação de clérigo secular. Regia, simultaneamente, a cadeira de Humanidades na Universidade de Lisboa, passando a leccionar, em 1537, na de Coimbra.

André de Resende foi, provavelmente, o pioneiro da arqueologia em Portugal, à qual se dedicou com zelo, devendo-se-lhe o primeiro estudo dos monumentos epigráficos da época romana em Portugal. Foi sepultado em Évora, no claustro do convento de São Domingos.

Deixou-nos numerosos manuscritos em latim e português (livros, opúsculos, poemas, estudos arqueológicos), sendo as suas obras principais Encomium Urbis et Academiae Lovaniensis (1530); Erasmi Encomium, Carmen Eruditum et Elegans (1531); In Erasmomastigas Iambi (1531); De Vita Aulica (1533); Oratio Pro Rostris (oração de sapiência na abertura da Universidade de Lisboa, em 1534); Vincentius Levita et Martyr (1545); História da Antiguidade da Cidade de Évora (1553); Vida do Infante D. Duarte e as obras póstumas Ad Bartholomaeum Kebedium (1576) e Antiquitatum Lusitaniae (1600).

Revelou-se ainda como compositor musical, sendo da sua autoria o Ofício de São Gonçalo e o Ofício de Santa Isabel.

Enciclopédia Universal Multimédia on-line. História da Literatura Portuguesa - Resende, André de. [Online] URL: http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/geral?tipo=2&p=-1&texto=resende. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

domingo, 17 de novembro de 2013

Lenda da Cova da Moura - (Porto da Espada, Aramenha)

Em tempos que já lá vão, em vésperas da manhã de S. João, chegou à porta duma mulher, que morava perto da Cova da Moura, um homem que lhe pediu pousada.

Como a mulher lha cedesse, depois de cear, pendurou o bornal que trazia numa estaca de madeira na parede interior da chaminé, foi deitar-se, e logo adormeceu.

O mesmo não sucedeu à dona da casa que, cheia de curiosidade, logo que a ocasião lho permitiu, levantou-se e foi abrir o bornal. Como nele estavam três bolos, quis prová-los, cortou um, tendo o cuidado de o pôr sob os outros. À madrugada o cavaleiro levantou-se, pegou no bornal, e dirigiu-se à Cova da Moura onde estavam três irmãs encantadas.

À primeira deu-lhe um bolo que se transformou num cavalo, que partiu a galope levando-a para a Mourama.

À segunda aconteceu o mesmo que à primeira, e à terceira, cheio de surpresa, deu-lhe o bolo partido que se transformou num cavalo coxo que a não pode levar com rapidez antes do sol nascer para junto das irmãs, e por isso ali ficou eternamente encantada, esperando em cada manhã de S. João o cavaleiro que nunca mais apareceu!...

Versão de Porto da Espada (Marvão), recolhida e publicada por Maria Tavares Transmontano (1979) – Subsídios para a Monografia do Porto da Espada […] (Concelho de Marvão), Viseu, Junta Distrital de Portalegre: 25.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Miolos de Borrego

Ingredientes
2 mioleiras
6 ovos
1 cebola pequena
1 pãozinho pequeno esfarelado
4 rins de borrego
banha q.b.
sal q.b.

Preparação
Cozem-se as mioleiras em água e sal, fritam-se os rins aos bocadinhos, pica-se a cebola que se frita em banha juntamente com o rim. Batem-se os ovos, põe-se o miolo de pão, juntam-se a mioleira e os ovos ao rim e mexe-se tudo muito bem. Está pronto a servir.

Receita retirada de Receitas e Menus

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Personalidades Alentejanas - REAL, Jerónimo Corte

(n. Lisboa em 1530?; m. Évora em 1588)

Terá nascido em Lisboa de uma família nobre e faleceu em Évora. Serviu como militar em Marrocos e na Índia. Tornou-se conhecido com o Segundo Cerco de Diu (1574), poema em vinte e dois cantos dedicado ao rei D. Sebastião. O poema celebra os feitos militares de D. João de Castro e de D. João de Mascarenhas no cerco que a cidade de Diu sofreu em 1546. Escreveu também em quinze cantos e em castelhano a Austríada (1578) e o Naufrágio de Sepúlveda (1598). Os poemas têm um tom laudatório e relevam da poesia épica. O autor reflecte a decadência do império português nos finais do século XVI.

As suas principais obras são: Sucesso do Segundo Cerco de Diu, Estando D. João de Mascarenhas por Capitão da Fortaleza (Lisboa, 1574); Austríaca ou Felicissima Victoria Concedida del Cielo al Señor D. Juan de Austria en el golfo de Lepanto de la Poderosa Armada Otomana en el Año de Nuestra Salvación de 1572 (Lisboa, 1578); Naufrágio e Lastimoso Sucesso da Perdição de Manuel de Sousa Sepúlveda e Dona Leonor De Sá Sua Mulher (Lisboa, 1594); Auto dos Quatro Novíssimos do Homem, no Qual Entra também uma Meditação das Penas do Purgatório (Lisboa, 1768).

Projecto Vercial. Jerónimo Corte Real. [Online] URL: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/creal.htm. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Lenda da construção do castelo de Marvão

[V]indo […] a Medóbriga um mouro de África e vendo ali certa senhora portuguesa muito fermosa, se enamorou dela, e cometendo tratar casamento, ela lhe respondeu que, se ele levantasse ũa fortaleza no alto daquelas rochas que pareciam, se casaria com ele, parecendo-lhe cousa impossível. O mouro, vendo-se tam preso da sua galhardia e fermosura, prometeu de a fazer dentro de ũa noite. E quando ao outro dia amanheceu, as torres da fortaleza estavam parecendo. A senhora, vendo-se convencida e obrigada pela palavra, se deitou de ũa varanda abaixo e se matou, por não se ver casada com um mouro.

Versão de Galegos (Marvão) contada por “ũa velha” em finais do século XVI e recolhida por Diogo Pereira Sotto Maior (1984) – Tratado da Cidade de Portalegre, (introdução, leitura e notas de Leonel Cardoso Martins), Lisboa, INCM / Câmara Municipal de Portalegre: 40.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Orelha de Porco Assada

Ingredientes
Orelha de Porco
alho
azeite
vinagre
sal

Preparação
Limpa-se muito bem a orelha, raspa-se e lava-se. Corta-se a parte de cima em quadrados até à cartilagem. Tempera-se com uma pasta de alho com sal e grelha-se nas brasas ou na chapa, molhando regularmente com uma mistura de azeite e vinagre. Depois de assada, corta-se aos bocados e enfeita-se com salsa.

Receita retirada de Receitas e Menus

domingo, 3 de novembro de 2013

Personalidades Alentejanas - QUEIROZ, José Maria Eça de

(n. Póvoa do Varzim em 1845; m. Paris em 1900)

Escritor, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, funcionário do quadro do pessoal técnico superior do Ministério dos Negócios Estrangeiros, exercendo as funções de cônsul. É considerado o principal introdutor do romance realista em Portugal. A sua importância para a História da Literatura Portuguesa foi assinalada por António José Saraiva e Óscar Lopes, e a sua vida e obra foi objecto dum exaustivo ensaio biográfico da autoria do crítico João Gaspar Simões, em 1945. Ainda hoje deve ser o escritor português mais lido em Portugal e no Brasil, e aquele que é objecto de maior número de obras de investigação e teses universitárias nos domínios da língua e da história das mentalidades.

Em 1866, com o grau de bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, Eça de Queiroz instalou-se em Lisboa, iniciando a sua colaboração jornalística na Gazeta de Portugal, com umas «Notas Marginais».

A partir de 6 de Janeiro de 1867 inicia-se a sua estreita ligação à cidade de Évora. Efectivamente, encontrou trabalho nesta cidade aos 21 anos de idade, como redactor-principal do bi-semanário o Distrito de Évora, aceitando a proposta que os amigos e parentes de seu pai, residentes na cidade, lhe haviam feito. Supõe-se que não devem ser estranhos ao convite, o Par do Reino e grande proprietário, Dr. José Maria Eugénio de Almeida e Lobo de Ávila, depois Conde de Valbom, que devem ter sido condiscípulos do pai do romancista na Universidade de Coimbra. Neste jornal, Eça de Queiroz escreveu o editorial e outros artgos como a «Crónica», a «Correspondência do Reino», a «Revista crítica dos Jornais», a «Política Estrangeira», a «Crítica de Literatura e Arte» e «Leituras Modernas». Eça foi na realidade o director, o chefe de redacção, o redactor e o repórter do periódico. Até 11 de Julho de 1867, Eça de Queiroz manteve a viva a chama do jornalismo combativo e de intervenção nesta cidade.

Foi também em Évora que abriu um escritório de advogado pela primeira vez. Com efeito, foi defensor de André Maria Ferreira Vilalobos, o qual denunciava o «escandaloso» aforamento da herdade do Sobral, em detrimento da Casa Pia da cidade. Em Dezembro de 1867 deixa a cidade de Évora para se estabelecer como advogado em Lisboa. A partir desta década desenvolverá a actividade literária e cultural por que é conhecido.

Participou nas Conferências do Casino e é um dos membros da Geração de 70. Foi nomeado cônsul, tendo viajado pelo Egipto, Cuba, Londres, Paris, etc. Das suas obras destacam-se Uma Campanha Alegre (1871), O Crime do Padre Amaro (1875-1876), O Primo Basílio (1878), A Relíquia (1887), Os Maias (1888), A Correspondência de Fradique Mendes (1900), A Cidade e as Serras (1901), Contos (1902) e Prosas Bárbaras (1903). Traduziu o romance de Rider Haggard, As Minas de Salomão.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. IX, pp. 385-387.

In SILVA, Joaquim Palminha (Coord.) - Dicionário Biográfico de Notáveis Eborenses 1900/2000. Évora: Tip. Diário do Sul, 2004. pp. 111-112.