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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Personalidades Alentejanas - Garcia d'ORTA

(n. Castelo de Vide em 1501; m. Goa em 1568)

Os pais eram judeus (Fernando (Isaac) da Orta e de Leonor Gomes) e foram expulsos de Espanha em 1492. Estudou nas Universidades de Salamanca e Alcalá de Henares, diplomando-se em Artes, Filosofia natural e Medicina, por volta de 1523. Regressou a Castelo de Vide, onde exerceu medicina. Em 1525 instalou-se em Lisboa, e tornou-se médico de D. João III. Foi neste ambiente que conheceu o matemático Pedro Nunes. Em 1530 tornou-se professor da cadeira de Filosofia Natural nos Estudos Gerais em Lisboa.

Partiu para a Índia Portuguesa em 1534 como médico pessoal de Martim Afonso de Sousa, que foi para o Oriente como capitão-mor do mar da Índia entre 1534 e 1538 e governador de 1542 a 1545. Depois de acompanhar o seu patrono durante os quatro anos em que este granjeou grande prestígio em várias campanhas militares na Índia, Orta estabeleceu-se como médico em Goa, onde adquiriu grande reputação. Aí travou amizade com Luis de Camões. Graças ao seu serviço e amizade com o Vice-Rei, foi lhe doado o foro da cidade de Bombaim.

Em 1543 casou com uma rica herdeira: Brianda de Solis. Porém, desentenderam-se pouco tempo depois. Foi médico de vários governadores e do Sultão de Ahmadnagar, exercendo igualmente o comércio e outras actividades lucrativas. Apesar de nunca ter visitado a região do Golfo Pérsico ou de ter viajado para oriente de Ceilão, Orta contactou em Goa com comerciantes e viajantes de todas as nacionalidades e religiões.

Apesar de em vida, Garcia de Orta nunca ter tido directamente problemas com a Inquisição, logo após a morte esta iniciou uma feroz perseguição à sua família. A sua irmã, Catarina, foi condenada por Judaismo e queimada viva num Auto-de-Fé em Goa, em 1568. Esta perseguição culminou em 1580 com a exumação da Sé de Goa dos restos mortais do próprio médico e a sua condenação à fogueira por judaísmo.

Contrariamente à atitude dominante entre os médicos portugueses dos séculos XVI a XVIII, que consideravam o estudo da medicina como um tema menor, dirigindo os seus dotes literários para as observações clínicas, Garcia de Orta interessou-se prioritariamente pelo estudo das propriedades das drogas e medicamentos. O que perpetuou o seu nome foi o livro Colóquio dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia (Goa, 1563). Para além do seu valor científico, esta obra inclui a primeira poesia impressa da autoria de Luís de Camões. Escrito em português, e não em latim como era então a regra na literatura, o livro de Garcia de Orta só se tornou conhecido na Europa através da versão latina editada pelo médico e botânico Charles de l'Escluse ou Clusius (1525-1609), nome latino pelo qual é mais conhecido. Este publicou em 1567 a edição latina resumida e anotada intitulada Aromatum et Simplicium aliquot medicamentorum apud Indios nascentium historia. Além desta versão, os Colóquios circularam ainda em castelhano através do livro Tractado de las drogas y medicinas de las Indias Orientales (1578) do médico português Cristóvão da Costa (ca. 1525-1593).





Wikipédia, a enciclopédia livre. Garcia de Orta. [Online] URL: http://pt.wikipedia.org/wiki/Garcia_da_Orta. Acedido a 31 de Outubro de 2007.

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