(n. Beja; m. 28 Julho 1723)
Religiosa, a quem se atribui a autoria das célebres cartas de amor que foram publicadas em Paris, e em língua francesa, em 1669, e que ficaram conhecidas pelo título de Lettres portugaises.
Nasceu em Beja, onde foi baptizada em 22 de Abril de 1640, sendo filha de Francisco da Costa Alcoforado e de Leonor Mendes.
O pai exerceu em Beja o cargo de executor do almoxarifado. As cartas foram enviadas ao então capitão Noël Bouton, conde de Saint-Léger, e depois marquês de Chamilly (1636-1715), que veio com as tropas francesas, enviadas em auxilio de Portugal contra a Espanha. Esteve ele no nosso país desde 1665 até 1667. Mariana Alcoforado era a esse tempo freira no convento de N.ª Sr.ª da Conceição, em Beja, para onde entrou muito nova e onde veio a falecer, a 28 de Julho de 1723, com 83 anos de idade. Consta que escreveu uma carta ao seu amante quando soube que se fizera paz, suplicando-lhe que a levasse para França. Chamilly teria embarcado sem lhe responder.
Aportou ao Algarve o navio que o conduzia, e ali teria ele recebido uma nova carta de Mariana, por intervenção de um oficial francês. Esta carta não obteve resposta. Ainda assim, a apaixonada freira continuou a escrever, e só recebeu uma carta de reposta. Regressado a França, partiu Chamilly para a expedição de Candia (1669), onde foi gravemente ferido. Depois de participar em vários combates, morreu em 1715.
Acredita-se hoje que a obra é escrita por Lavergne de Guilleraggues. Este escritor francês da corte de Luís XIV publica em Paris, em 1669, a versão francesa de um texto em português escrito por uma freira, que é o conjunto de cinco cartas endereçadas ao marquês de Chamilly, futuro marechal de França (1636-1715).
As cartas estão assinadas por Marianne e, de facto, nessa data o marquês servia em Portugal.
A controvérsia sobre a real autoria destas cartas tem-se prolongado até aos nossos dias. A existência histórica de Sóror Mariana Alcoforado, bem como a do seu apaixonado, não é posta em causa. As dúvidas surgem quanto à autenticidade das cartas. Para além do enigma literário que as cartas vêm criar, apócrifas ou não, as Lettres Portugaises lançam a moda dos romances organizados sob a forma de epístolas, de que o livro Relações Perigosas, de Pierre Choderlos de Laclos (1741-1803), constitui exemplo elucidativo.
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