(n. Évora em 1847; m. Lisboa em 1911)
Nasceu na antiga Rua da Ladeira, filho dum professor do ensino secundário. Fez em Évora todo o ensino primário e secundário, indo para Lisboa fazer os estudos preparatórios para entrar na Escola Naval, que veio a abandonar a instâncias da família. Matriculou-se depois na Escola Politécnica, mas não terminou o curso. Estudou Paleografia na Torre do Tombo, frequentando as aulas do Dr. João Pedro da Costa Branco.
Relacionando-se com vários estudantes que viriam a ser figuras destacadas do meio artístico e político português do fim-de-século XIX, destacando-se Brito Aranha, Mariano Cordeiro Freio, Gomes de Brito, António Enes e Rafael Bordalo Pinheiro. Num ambiente de tertúlia literária e artística, formou com estes jovens uma «Academia», que se reunia na Praça da Alegria em Lisboa, no estúdio de Rafael Bordalo Pinheiro.
Professor do Liceu de Setúbal, dedicou-se ao estudo da História e Arqueologia. Regressado a Évora com o encerramento do Liceu de Setúbal, é proposto pelo Dr. Augusto Filipe Simões e aceite como amanuense da secretaria da Santa Casa da Misericórdia de Évora (1872), tendo a seu cargo a organização e conservação do arquivo histórico desta instituição, num trabalho que lhe levou catorze anos.
Entregou-se à publicação de trabalhos que lhe possibilitaram a familiaridade com eruditos de vários países. Traduziu os escritores gregos e romanos clássicos que tratam da geografia da Península Ibérica, como Estrabão e Plínio. Em 1880, a Universidade de Coimbra confia-lhe a elaboração do índice provisório dos documentos do seu cartório, publicados sob o título Catálogo Provisório dos Pergaminhos da Universidade de Coimbra (1888). Entretanto, o seu trabalho na Santa Casa da Misericórdia de Évora foi de tal monta que, ao averiguar do paradeiro da documentação de bens considerados perdidos, conseguiu duplicar os rendimentos da instituição. A estes trabalhos seguiram-se a publicação dos Estudos Eborenses: História, Arte, Arqueologia num total de 37 folhetos em dois volumes (1886-1916).
Vereador da Câmara Municipal de Évora (Pelouro da Instrução) em 1886-1987, veio a ser convidado pelo seu antigo companheiro de juventude, António Enes, como «empregado extraordinário» da Biblioteca Nacional de Lisboa (1888), nomeado Inspector das Bibliotecas em 1902 e Inspector das Bibliotecas e Arquivos Nacionais, posteriormente. Foi membro da Real Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses, da Sociedade de Geografia e da Sociedade Literária Almeida Garrett.
Em 1919, uma lápide comemorativa foi colocada na casa onde viveu, e na antiga Rua da Ladeira (freguesia de Santo Antão), a placa toponímica passou a ter o seu nome. Em 1950, os seus restos mortais foram trasladados do cemitério do Alto de S. João (Lisboa), para o Cemitério dos Remédios em Évora, no talhão especialmente destinado aos homens mais ilustres da cidade.
In SILVA, Joaquim Palminha - Dicionário Biográfico de Notáveis Eborenses 1900/2000. Évora: Tip. Diário do Sul, 2004. pp. 103-104.
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