1
Versão literária, de proveniência desconhecida, publicada por Possidónio Mateus Laranjo Coelho (1988) – Terras de Odiana, (2ª edição revista e anotada por Diamantino Sanches Trindade), Lisboa, Câmaras Municipais de Castelo de Vide e Marvão: 328 – 329.
[C]onta-se que em certa noite uma estrela de extraordinário brilho e grandeza atraíra os olhares de um pastor que guardava o gado nas cercanias. Deslumbrado por tão estranha aparição afoutou-se o pastor a subir até ao alto do monte onde depois se edificou o convento, sempre guiado pela luz intensa dessa estrela, descobrindo então a imagem em um recanto das penedias que ali se acumulam.
Esta imagem esteve exposta à veneração e culto dos fiéis durante muitos anos no seu primitivo esconderijo, em um rústica e improvisada capela formada pelas próprias brenhas […].
2
Versão de Escusa (Marvão), recitada por Maria Tomásia Baptista, de 70 anos, em 1967 e recolhida por Cândida da Saudade Costa Baptista. Publicada por Maria Aliete Galhoz (1988) – Romanceiro Popular Português, volume II, Lisboa, INIC: 717.
Nesta lapa de pedra dura,
‘Stavas bela formosura
Há tantos anos metida.
Dai-me graça singular
P’ra qu’ eu possa contar
Os milagres qu’ obravas nela.
Virgem Senhora da ‘Strela,
No tempo da mouraria
Qu’ assentiava c’ uma bela devoção.
‘Ma noit’ um pastor,
C’o seu gado recolhendo,
Baixou uma ‘strela e disse:
“Vem cá, ditoso varão,
Vem à vila de Marvão,
Cá me vem fazer ‘ma casa d’ oração.
Lá canções de finados,
Braços e olhos pintados,
Pessoas que saem tristes e desconsolados
Que esta casa vêm
Todos há-de ir remediados.”
3
Versão de Marvão, recolhida e publicada por Possidónio Mateus Laranjo Coelho (1988) – Terras de Odiana, (2ª edição revista e anotada por Diamantino Sanches Trindade), Lisboa, Câmaras Municipais de Castelo de Vide e Marvão: 328 – 329.
Oh Virgem, oh Estrela pura,
De tão bela formosura.
Em lapa de pedra dura
Uma estrela se parou,
Clara luz s’ alumiou,
A Senhora apareceu.
Aonde vaes tu, oh Pastor?!
Aonde vaes tu, oh Verão?!
Vae à vila de Marvão
E pede com devoção
Que me venham neste sítio
Fazer casa d’ oração.
Quem estes versos disser,
Um ano inteiramente,
Saberá bem certamente
Qu’ à hora que há-de morrer
A Senhora há-de aparecer.
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