Em Portugal, mais propriamente ao longo das margens do Sado, encontram-se as Ruínas Romanas de Troia, construídas há mais de 2.000 anos, estes vestígios que ainda restam deixam a marca do que outrora foi o maior centro industrial de salgas de peixe no Império Romano.
Na altura, construído com o intuito de beneficiar da riqueza do peixe que provinha do Oceano Atlântico, e também da qualidade do sal contida no mesmo que se acumulava ao longo das margens do Sado. Estima-se que este espaço tenha sido utilizado até ao século VI. Neste local podemos encontrar hoje, diversos compartimentos desenvolvidos especificamente para realizar a salga do peixe. As mais conhecidas são, sem sombra de dúvida, as oficinas de salgas onde se encontram tanques que serviam para preparar os molhos dos peixes. Localizavam-se ainda outros locais, tais como: termas com salas e tanques para banhos quentes e frios; um núcleo de habitações constituído por casas de rés-do-chão e primeiro piso; rota de água; um mausoléu; necrópoles com sepulturas e uma igreja paleocristã com paredes pintadas a fresco.
Crê-se que este centro industrial de salgas de peixe, tenha tido o início da sua construção no século I, o que representa uma utilização desta localização entre os séculos I e VI, que se diz ter resultado na povoação da mesma, sendo grande parte deste agregado populacional dedicada à atividade piscatória. Esta atividade industrial estava centrada na pesca e no fabrico do peixe em conserva, que mais tarde era exportado para o resto do Império Romano.
A localização das oficinas de salga, era ideal para beneficiar de todas as condições propícias a este tipo de produção. A própria arquitetura do centro industrial era própria para melhorar todo o processo. Eram colocadas as oficinas que continham os tanques (conhecidos por Cetárias) em redor de uma espécie de pátio central, sendo que se pode registar a existência de pelo menos 20 tanques, todos com dimensões bastante elevadas. Tais condições, revelam um ambiente e meios propícios a uma produção considerável de quantidade de peixe para a exportação.
A partir de 1910 estas Ruínas estão classificadas como Monumento Nacional. Em 2005, perante um Protocolo celebrado com o Instituto Português do Património Arquitetónico (IPPAR) e o Instituto Português de Arqueologia (IPA), que é atualmente parte do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR), o Troia Resort criou uma equipa de arqueologia que desenvolve trabalhos de investigação no local.
Devido à realização dos trabalhos arqueológicos que estão em curso, tornou-se possível a abertura deste local arqueológico para visita do mesmo. O percurso de visita, foi instaurado em 2010, e contém painéis explicativos ao longo do percurso, mais especificamente em sete pontos de observação e sinalética que indicam alternativas de percurso. A basílica paleocristã apenas é permitida visitar em visitas guiadas, mas é considerada das maiores atrações do percurso devido a todas as suas componentes arqueológicas e arquitetónicas. Através da visita à basílica, os seus visitantes ficam a conhecer toda a arte e riqueza das pinturas romanas que revestem as paredes da mesma. Podem-se observar vários tipos de padrões nas pinturas, característicos da época, como padrões geométricos, marmoreados, rosas, aves ou até mesmo o cântaro – característico de toda a temática paleocristã.
O percurso escolhido para a visita vai fazer com que recue, inevitavelmente, no tempo para que possa apreciar este monumento histórico que se manteve durante 2.000 anos para poder mostrar este enorme centro industrial de salgas de peixe que contribuiu para a pesca no Império Romano.
O percurso, criado em 2011 por Hipólito Bettencourt – arquiteto paisagista -, é constituído por 450 metros e teve colaboração do designer Francisco Providência no desenvolvimento de outros elementos.
Um monumento que nos permite ligar àquele que foi o grande Império Romano, localizado na zona costeira de Portugal, nas margens do Sado, em Troia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário