(n. Portalegre a 22 Outubro 1875; m. Lisboa a 18 Janeiro 1899)
Poeta. Sendo aluno da Escola Politécnica de Lisboa, começou a frequentar os cafés e rodas literárias em que se discutia Vítor Hugo, Baudelaire, Antero, Junqueiro, Cesário Verde e os jovens simbolistas de Coimbra, principalmente António Nobre. Aí deu largas à sua precocidade melancólica, servida por uma sensibilidade aguda e mórbida, nutrida por leituras anárquicas e sombrias.
Os seus versos mais antigos foram escritos em Portalegre, uns dias depois do seu vigésimo aniversário (1895), e intitularam-se A Morte. É um soneto de molde anteriano, cheio de desesperos insanáveis, expressos num diálogo tétrico. Em 1896 publicou um folheto de versos numa tipografia da sua terra: Flores. Mas as suas composições mais significativas estão no livro Fel, editado em 1898, quando o poeta, tuberculoso, já se sentia perdido.
Esses poemas reflectem várias influências unificadas pelos temas de Baudelaire, postos em moda em Portugal por Guilherme de Azevedo e Gomes Leal: a prostituição, o tédio, o corvo fatídico de Poe, o coveiro e os vermes da cova, a tuberculose, a desesperança. A sinceridade de José Duro, pobre e doente, com uma mocidade gasta entre a Politécnica, o café Gelo e a gare de Portalegre, supre o que falta à sua poesia em verdadeira originalidade e consistência. «Livro de um incoerente», como ele lhe chama, o Fel é a simpática mensagem duma vida ceifada, que se traduz numa versificação cheia de reminiscências alheias, mas natural e animada.
In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. IX, p. 367.
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