Segundo a tradição, colhida em vários relatos, a acção de queimar as roupas do lobisomem, que este despia quando ia fazer as suas correrias durante a noite, parecia ser o meio mais comum de livrar uma pessoa do seu triste destino.
Esta acção pruficadora / salvadora tinha porém, os seus riscos, pois desencadeava poderosas forças maléficas, tornando o lobisomem violento.
Enquanto as roupas ardem, é vulgar ouvirem-se gritos e violentas pancadas são aplicadas nas portas das casas onde se faz a fogueira. É o momento purificador para o lobisomem e o de maior tensão para o salvador.
Com o fim do fogo, terminado o feitiço, o homem salvo aparece tranquilo, nú e inocente. Ficou Livre.
Este Mito passou-se em Beja há muitos anos. Um rapaz, que era lobisomem, saía de casa por volta da meia noite, para se ir encontrar com outros lobisomens e com bruxas numa encruzilhada.
Daí saíram juntos e iam para o campo onde se despiam e dançavam em roda. Numa noite, quando ele se transformava, uma pessoa da sua família viu-o e apoderou-se das roupas para as queimar.
Se o conseguisse fazer, poderia acabar coma sina do lobisomem ao seu familiar. O desvio da roupa foi feito com cuidado pois, se o lobisomem o tivesse presenciado, poderia correr atrás da pessoa e matá-la.
O familiar do lobisomem levou as roupas para um casão, para aí as queimar, tendo tido o cuidado de fechar bem o portão do casão, onde fez uma fogueira.
Logo que começou a queimar as roupas, começaram a ouvir-se grande sgrunhidos e fortes pancadas no portão. Embora com medo, pois as pancadas no portão eram cada vez mais fortes, o familiar do lobisomem continuou a queimar as roupas.
Com receio, ficou no casão até de manhã. Ao amanhecer, abriu o portão. Lá estava o rapaz estendido, nú, como uma pessoa inocente. O fadário de lobisomem estava quebrado.
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