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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Gastronomia Tradicional Alentejana - Carneiro Assado

Ingredientes
Para 8 a 10 pessoas
2 pernas de carneiro
6 dentes de alho
1 ramo grande de salsa
4 cebolas
150 g de banha
2 folhas de louro
pimenta
4 cravinhos
1 colher de sopa de massa de pimentão
1 colher de sopa de colorau
1,5 dl de vinho branco ;
sal
carneiro-assado

Preparação
Pisam-se num almofariz, até fazer papa, os dentes de alho, um ramo de salsa e sal. Barram-se as pernas do carneiro com esta papa e colocam-se numa assadeira de barro. Espalham-se por cima as cebolas ás rodelas, a banha aos bocadinhos, as folhas de louro cortadas ao meio, pimenta em pó, os cravinhos, o pimentão e o colorau. Junta-se ainda um ramo de salsa inteiro e rega-se tudo com o vinho branco e uns pinguinhos de água.
Leva-se a assar no forno.
Acompanha-se com batatas fritas ou assadas no próprio e salada de alface.
Este assado é prato obrigatório em todas as festas importantes, em casamentos e baptizados.

Receita retirada de Receitas e Menus

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Personalidades Alentejanas - RIBEIRO, José Silvestre

(n. Idanha-a-Nova em 1807; m. Lisboa em 1891)

Filho de António Nunes Ribeiro e de Josefa Pereira da Silva. Fez os estudos preparatórios na sua vila natal, tendo-se matriculado no 1.º ano do curso de Filosofia da Universidade de Coimbra a 14 de Outubro de 1823 e, no ano seguinte, matriculou-se no 1.º ano jurídico na mesma Universidade.

As suas convicções liberais levaram a que se destacasse no contexto académico, ficando como memorável o debate que sustentou com João Baptista Teixeira de Sousa, então estudante de Direito, numa aula do lente Faustino Simões Ferreira, em defesa do regime liberal. Num percurso típico da sua geração, José Silvestre Ribeiro incorporou-se no Batalhão Académico que se formou em defesa do liberalismo, sendo obrigado, pelas vicissitudes que se seguiram à Vilafrancada a abandonar a Universidade de Coimbra e a procurar o exílio. Falhada a Belfastada, integrou o exército dos vencidos e refugiou-se na Galiza, de onde partiu para Paris.

Em Paris procurou retomar a sua formação académica, assistindo a aulas na Universidade e estudando com François Guizot. Esta passagem por Paris, apesar de curta, teria repercussões no pensamento de Silvestre Ribeiro. Aqui ganhou uma visão europeísta de Portugal, que o levou a ser crítico em relação a muitas das opções africanistas e pró-coloniais da intelectualidade e dos políticos portugueses seus contemporâneos.

De Paris partiu para Plymouth, onde se incorpora nas forças do partido liberal que partiram para Belle-Île e daí para a ilha Terceira. Durante a sua estadia em Belle-Île destaca-se como um dos organizadores da expedição, integrando-se no Batalhão dos Voluntários Académicos comandado por João Pedro Soares Luna. Na Terceira, face às dissidências que já afligiam o campo liberal, ficou com o seu batalhão acantonado na vila da Praia, participando activamente nas escaramuças que se travaram contra as guerrilhas absolutistas que ainda subsistiam na ilha. Após a chegada aos Açores de D. Pedro IV, partiu para Ponta Delgada, onde foi incorporado na expedição naval, comandada pelo almirante George Rose Sartorius, dos famosos 7500 bravos que daquela cidade partiram a 8 de Julho de 1832 e que protagonizaram o desembarque do Mindelo. Na fase final das lutas liberais, integrou a expedição comandada por António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha, depois 1.º duque da Terceira, que partiu do Porto e desembarcou em Cacela, no Algarve. Acompanhou essas tropas no seu percurso até Lisboa, estando entre as primeiras forças liberais que entraram na capital portuguesa a 24 de Julho de 1833.

Assinada a Convenção de Évora-Monte que pôs termo à guerra civil, retomou os estudos, sendo despachado bacharel em Cânones a 13 de Outubro de 1834, beneficiando das dispensas que se concederam aos ex-combatentes liberais. Estando entre os vencedores da guerra e beneficiando das fortes ligações políticas que tinha cimentado no Batalhão Académico, logo a 7 de Junho de 1834 foi nomeado prefeito da Província da Beira Baixa, a qual integrava o seu concelho natal. Permaneceu neste cargo até à extinção das prefeituras, passando então a exercer o cargo de secretário-geral do Governo Civil de Castelo Branco, onde se manteve até 1837.

Sobre a sua acção na prefeitura publicou em Lisboa, ainda em 1834, um opúsculo intitulado Defesa do prefeito da Beira Baixa. Naquele ano foi nomeado administrador-geral interino do Distrito de Portalegre (cargo que anos depois seria redenominado governador civil). Exerceu essas funções até 1839, ano em que resolveu aceitar a nomeação para administrador-geral do Distrito de Angra do Heroísmo, regressando assim à ilha Terceira.

Exerceu as funções de governador civil do Distrito de Beja de 13 de Novembro de 1844 a 27 de Maio de 1846, data em que foi nomeado governador civil de Faro. Durante o seu mandato em Beja teve importante acção na área da beneficência, elaborando um interessante estudo sobre a situação do distrito, incluindo o levantamento das suas primeiras estatísticas, que publicaria já quando governador civil do Funchal. Não chegou a exercer funções em Faro, já que foi exonerado apenas um mês depois de ser nomeado, a 27 de Junho de 1846, passando nessa altura a secretariar António José de Ávila, o futuro 1.º duque de Ávila e Bolama.

José Silvestre Ribeiro chegou ao Funchal a 12 de Setembro de 1846 com as funções de ajudante e secretário de António José de Ávila, então nomeado delegado régio para na ilha da Madeira sindicar as graves desordens que se haviam gerado em resultado do abandono do catolicismo por um numeroso grupo de madeirenses liderados pelo médico escocês e missionário calvinista Robert Reid Kalley. Nessas circunstâncias, a 5 de Setembro de 1846, foi nomeado governador civil do Distrito do Funchal, cargo do qual tomou posse a 7 de Julho de 1846 e no qual teve de imediato de enfrentar os problemas resultantes da intolerância religiosa que levou largas centenas de madeirenses a abandonar a ilha para se irem instalar nas Caraíbas e no estado norte-americano de Illinois, em especial na cidade de Jacksonville.

Na Madeira dedicou grande atenção às questões sociais e de fomento económico, tendo fundado algumas instituições de beneficência e de socorro social. Também a instrução pública lhe mereceu particular cuidado, pois fundou escolas e promoveu a inspecção das existentes, já que a sua eficácia parecia nula. As questões da acessibilidade interna, muito dificultadas pelo relevo escarpado da ilha, também foram por ele consideradas. Teve em especial atenção a construção de pontes e de locais onde fosse possível o descanso dos viajantes obrigados a trepar as grandes ladeiras existentes na ilha. Um desses abrigos é actualmente considerado monumento: a Casa de Abrigo do Poiso. Também a ponte do Ribeiro Seco e a Estrada Monumental, iniciativas do prefeito Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque, foram por ele concluídas. A nível do fomento económico, deveu-se a José Silvestre Ribeiro a primeira acção de promoção do bordado da Madeira.

A primeira eleição de José Silvestre Ribeiro como deputado às Cortes ocorreu nas eleições gerais realizadas em Agosto de 1845, sendo eleito pelo círculo de Angra do Heroísmo. Prestou juramento a 26 de Janeiro de 1846, integrando a Comissão de Verificação de Poderes. Naquela legislatura, a sexta da Monarquia Constitucional portuguesa, ocorreu apenas uma sessão legislativa (de Janeiro a Maio), já que os acontecimentos da Revolução da Maria da Fonte, a Emboscada e o desencadear da guerra civil da Patuleia, cedo levaram à suspensão da vida parlamentar. Daí que tenha sido fácil a José Silvestre Ribeiro manter as suas funções no governo civil da Madeira.

Terminada a guerra civil com a assinatura da Convenção de Gramido, volta a ser candidato nas primeiras eleições posteriores à pacificação do país, realizadas em Novembro de 1847. Desta vez foi eleito pelo círculo do Funchal, prestando juramento a 4 de Janeiro de 1849. Veio a destacar-se a sua participação na Comissão Especial encarregada de examinar o projecto de lei do Código Florestal e da reforma da Administração Pública. Na sétima legislatura da Monarquia Constitucional, com sessões de 1 de Janeiro de 1848 a 25 de Maio de 1851, foi um parlamentar activo e assíduo, mantendo o seu estilo de intervenção pertinaz e frequente em matérias de interesse local do seu círculo eleitoral.

Voltou a ser eleito pela Madeira nas eleições gerais de 12 de Dezembro de 1852, prestando juramento a 27 de Abril de 1853. A 2 de Outubro de 1856 o rei fê-lo membro extraordinário do Conselho de Estado. Ao todo proferiu mais de 200 intervenções nesta legislatura, sendo considerado essencialmente pró-governamental, embora tenha recusado uma nomeação para a Comissão Diplomática argumentando ser da oposição.

Estando o Partido Histórico no poder, foi chamado a integrar o ministério presidido por Nuno José Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto, o 1.º duque de Loulé, assumindo o Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça a 7 de Dezembro de 1857. Contudo, a sua experiência governamental pouco durou, pois foi exonerado, a seu pedido, a 31 de Março de 1858. Mesmo assim, em consequência da iniciativa de José Silvestre Ribeiro de constituir uma comissão encarregada das reformas do Código Penal e do Processo Penal, foi constituída uma comissão e foram publicados múltiplos artigos com as opiniões de diversos peritos e corporações sobre as propostas de reforma que iam sendo apresentadas.

Nas eleições gerais de 2 de Maio de 1858 foi eleito pelo círculo de Angra do Heroísmo, constituindo esta a sua última eleição parlamentar. Prestou juramento a 22 de Novembro de 1858. Por esta altura manifestava-se abertamente contra a menorização do espírito de localidade, afirmando que o facto de ser deputado da Nação não deveria impedir a atenção aos interesses de círculo, mesmo que pudesse ser considerado um interesse de campanário. Interessou-se sobremaneira pelas questões da educação e pela defesa da liberdade e transparência eleitorais e pelo fim do arbítrio nas operações de recrutamento militar. Foi um dos subscritores da proposta de lei que visava a libertação de todos os escravos que entrassem nos portos de Portugal e das Ilhas Adjacentes.

Fez parte da comissão encarregue de apresentar as bases para a reforma do Código Administrativo, que funcionou de 1862 a 1864, e de múltiplas outras instituições e comissões públicas. Foi elevado ao pariato por carta régia de 29 de Dezembro de 1881, tomando assento na Câmara dos Pares a 30 de Janeiro de 1881. Por esta altura já a sua capacidade e interesse na participação parlamentar estavam reduzidos, tendo sido escassa a sua intervenção nos debates.

Manteve ao longo de toda a sua vida uma intensa actividade cívica, intervindo na fundação de múltiplas associações. Foi, entre outras instituições, fundador da Sociedade Protectora dos Animais, e seu primeiro presidente da assembleia geral, e do Montepio Geral, a cuja assembleia geral também presidiu. Foi membro da Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses, cuja revista editou, e sócio honorário da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense.

Interessou-se pelos estudos literários, sendo um estudioso de Luís de Camões, Dante Alighieri, Luisa Sigea de Velasco e Calderón de la Barca, entre outros clássicos. Neste contexto dedicou-se a assuntos de linguística e de história da literatura, com especial foco na literatura portuguesa, assunto que foi objecto de uma notável obra sua, e na diferenciação entre a língua portuguesa falada em Portugal e no Brasil. No âmbito da história da cultura, publicou a obra História dos estabelecimentos científicos, literários e artísticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia, em 18 volumes. A este veio-se juntar um 19.º volume, constituído pelos Apontamentos históricos sobre bibliotecas portuguesas, deixado inédito pelo autor e apenas publicado em 1914, organizado e antiloquiado por Álvaro Neves.

Este labor intelectual valeu-lhe a eleição para membro da Academia Real das Ciências de Lisboa. Foi colaborador assíduo de diversos jornais e revistas, entre os quais a Chronica Constitucional do Porto, O Panorama, Jornal do Comercio, A Revolução de Setembro, O Archivo Pittoresco, Encyclopedia Popular, Diario de Notícias, O Conimbricense e muitos outros.

 Wikipédia, a enciclopédia livre. José Silvestre Ribeiro. [Online] URL: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Silvestre_Ribeiro. Acedido a 5 de Novembro de 2007.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Lenda da igreja de São Sebastião - Carreiras

Segundo a lenda, junto à porta principal d[a] igreja de São Sebastião das Carreiras, estão enterrados, lado a lado, dois potes: um cheio de ouro, outro cheio de veneno. Segundo o povo, quem, ao tentar desenterrá-los, encontrar primeiro o que contém o dinheiro em ouro, ficará rico, caso contrário morrerá imediatamente.

Versão de Carreiras (Portalegre), recolhida e publicada por Ruy Ventura (1993) – “Notas Histórico-Etnográficas sobre a Freguesia das Carreiras – A igreja paroquial”, in O Distrito de Portalegre, de 1 a 22 de Janeiro.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Gastronomia Tradicional Alentejana - Túberas de Fricassé

Ingredientes
Para 4 pessoas
1 kg de túberas
1 cebola
2 colheres de sopa de azeite
1 colher de sopa de banha
1 folha de louro
4 gemas
1 limão
1 ramo de salsa
sal

Confecção
Põem-se túberas de molho e esfregam-se com uma escovinha.
Lavam-se muito bem, descascam-se e cortam-se em rodelas grossas.
Faz-se um refogado com a cebola picada, o azeite, a banha e o louro.
Juntam-se as túberas, temperam-se com sal e deixam-se apurar.
Isto leva um certo tempo, pois as túberas largam muita água.
à parte misturam-se as gemas com o sumo de limão e salsa picada.
Retiram-se as túberas do lume, adicionam-se as gemas com o limão e leva-se novamente a lume brando, deixando cozer cuidadosamente para evitar que os ovos talhem.

Receita retirada de Receitas e Menus

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Personalidades Alentejanas - RIBEIRO, Bernardim

(n. Torrão em 1482?; m. 1552?)

Escritor português. Algumas referências na sua obra, que se supõe serem autobiográficas, levam a pensar que seria natural do Torrão (Alcácer do Sal) e certas conjecturas feitas a propósito da segunda edição de Menina e Moça apontam para que tenha morrido antes de 1557.

Frequentou a corte, onde foi poeta conhecido, e colaborou no Cancioneiro Geral (1516) de Garcia de Resende. Sá de Miranda fez-lhe várias referências nas suas obras como grande amigo e companheiro de letras e afirmou que, com as suas éclogas, Bernardim Ribeiro foi o introdutor do bucolismo em Portugal.

A sua obra mais célebre é a Menina e Moça, da qual há três versões. A primeira foi editada em 1554, em Ferrara, pelo exilado judeu português Abraão Usque. Este facto apoia a tese de alguns ensaístas, nomeadamente Hélder de Macedo (Do Significado Oculto da Menina e Moça), acerca do judaísmo de Bernardim Ribeiro. Isto daria à obra, de estrutura aparentemente inconclusa, um significado cifrado que constituiria a representação esotérica da comunidade judaica no exílio. Tal tese surge apoiada ainda em outros factos da vida do autor, como o seu afastamento forçado da corte, talvez mesmo de Portugal, já que a publicação das suas obras teve lugar em cidades estrangeiras, onde havia comunidades de judeus emigrados. Posteriormente segui-se a edição eborense de 1557, por André de Burgos, e a terceira, de 1559, impressa por Arnold Birckman em Colónia.

Menina e Moça é uma novela sentimental, com influência de Boccaccio, de temática amorosa e cavaleiresca com fundo bucólico e autobiográfico (como o sugerem os inúmeros anagramas, quer do nome do autor, Binmarder, quer de pessoas das suas relações, como Aónia ou Avalor). Nela se encontra presente uma subtil análise psicológica em voz feminina, eco da tradição galego-portuguesa das cantigas de amigo e precursora do romance psicológico moderno. O amor trágico alia-se a um sentimento geral de fatalismo e solidão, numa linguagem que se aproxima sugestivamente do coloquialismo, de extrema riqueza rítmica e lírica. Esta novela, cuja designação desde cedo se popularizou como Saudades, veio influenciar claramente a literatura portuguesa, constituindo um fundo sentimental recuperado e reelaborado posteriormente por vários escritores e, nomeadamente, pelos movimentos romântico e saudosista.

Além da novela Menina e Moça, Bernardim Ribeiro escreveu doze poesias menores incluídas no Cancioneiro Geral e três composições em verso (o vilancete Pera tudo houve remédio, a cantiga Pensando-vos estou, filha e o romance de Avalor), cinco éclogas, a sextina Ontem pôs-se o sol e a noute, o romance Ao longo de ua ribeira e duas cantigas e outras composições que foram incluídas na edição de Ferrara daquela novela, em 1554, a cargo de Abraão Usque. O romance Ao longo de ua ribeira, única composição portuguesa inserida no Cancioneiro Castelhano de 1550 (segundo Carolina Michaelis), só apareceu publicado com as obras completas do poeta na edição de 1645.

Enciclopédia Universal Multimédia On-Line. História da Literatura Portuguesa - Ribeiro, Bernardim. [Online] URL: http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/artigo?cod=2_99. Acedido a 18 de Novembro de 2007.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Lenda da Fonte dos Cães - Castelo de Vide

Contava-se que uma noite vindo um rapaz de namorar, resolveu dessedentar-se. 
Quanto o fazia apareceu-lhe um homem que lhe disse:
“Então estás a beber as sobras da minha cozinha?”
Como o moço se mostrasse espantado logo o levou junto de uma placa de pedra por cuja argola puxou.
Apareceu uma escada de mármore por onde desceram e que dava acesso a um maravilhoso palácio.
Após a visita o estranho homem disse:
“Se quiseres ganhar todas estas riquezas só terás de vir amanhã à meia-noite. Há-de aparecer um touro e tu hás-de-lhe aparar três sortes.”
Ao outro dia o rapaz na mira de enriquecer de um momento para o outro ter-se-ia deslocado à fonte à hora combinada, onde viu o touro que investiu nele.
Aguentou a primeira e a segunda investidas, mas cheio de medo desistiu à terceira.
Então ouviu uma voz dizer:
“Ah! Ladrão! Que me dobraste o encanto!...”

Versão de Castelo de Vide, recolhida e publicada por Maria Guadalupe Transmontano Alexandre (1976) – Etnografia, Linguagem e Folclore de Castelo de Vide, Viseu, Junta Distrital de Portalegre.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Favas Guisadas

Ingredientes
Para 4 a 6 pessoas
3 kg de favas
150 g de toucinho
200 g de chouriço de carne
1 molhinho de coentros
2 folhas de alho
200 g de pão
sal

Preparação
Escolhem-se as favas bem tenras e lavam-se depois de descascadas.
Corta-se o toucinho ás tirinhas e o chouriço ás rodelas e fritam-se num tacho em lume brando. Retiram-se quando tiverem largado bastante gordura.
A esta gordura junta-se o molhinho de coentros ao qual se ataram as duas folhas de alho. Deixa-se fritar um pouco e juntam-se-lhe então as favas. Tapam-se e deixam-se cozer, agitando o tacho e juntando pinguinhos de água à medida que vai sendo necessário para impedir que as favas agarrem ao fundo do tacho e se queimem.
A meio da cozedura das favas, introduz-se novamente o toucinho e o chouriço e deixa-se apurar bem.
Coloca-se numa travessa ou num prato fundo (prato de meia cozinha) o pão cortado ás fatias sobre as quais se deitam as favas.
Acompanha-se com salada de alface cegada, isto é, cortada em caldo-verde e temperada com coentros e hortelã picados, azeite, vinagre, sal e um pouco de água.

Receita retirada de Receitas e Menus

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RIBEIRO, Aquilino

(n. Carregal de Tabosa - Sernancelhe - em 1885; m. Lisboa em 1963)

Foi um dos romancistas portugueses mais fecundos da primeira metade do século XX. Frequentou o colégio jesuíta da Lapa e os seminários de Lamego, Viseu e Beja. Em 1906 abandonou o seminário e fixou-se em Lisboa, dedicando-se à defesa da república através de textos conspiratórios. Devido a uma explosão no seu quarto, onde morrem dois carbonários, foge para Paris e só regressa em 1914. Dedicou-se então ao ensino e juntou-se ao grupo da Seara Nova. Entre 1927 e 1928, sofreu algumas perseguições e chegou mesmo a ser preso, conseguindo fugir novamente para Paris. Em 1959, foi-lhe movido um processo censório pelo seu romance Quando os Lobos Uivam.

A sua obra romanesca insere-se numa linha camiliana e destacam-se os seguintes volumes: Andam Faunos pelos Bosques (1926); A Casa Grande de Romarigães (1957); O Malhadinhas e Quando os Lobos Uivam (1958). Estas representam tendências constantes na sua ficção: um regionalismo apegado à terra campesina e às suas gentes, sem perder universalidade nos seus carácteres e descrições; uma ironia terna e complacente perante os vícios humanos comuns; uma crítica violenta da opressão política e do fanatismo ideológico; uma atenção inebriada ao pulsar do torrão campestre, tanto como à vibração sensual do corpo no ser humano.

Centro Virtual Camões. Literatura Portuguesa - Aquilino Ribeiro (1885-1963). [Online] URL: http://www.instituto-camoes.pt/cvc/literatura/AQUILINO.HTM. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

Projecto Vercial. Aquilino Ribeiro. [Online] URL: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/aquilino.htm. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Lenda da Fonte do Martinho - Castelo de Vide

Havia uns reis que tinham uma filha que andava a namorar.
Como o pretendente à mão da princesa não era do agrado dos pais, eles resolveram encantá-la no lago do Martinho, o que fizeram de noite.
Simplesmente não viram que a um canto da fonte estava uma mulher agachada.
Como não havia relógios, ela levantou-se para ir lavar, julgando que era mais tarde.
Entre a meia-noite e a uma hora chegaram ao lago três pessoas: pai, mãe e filha.
Depois de ser confiada à princesa uma grande riqueza (deram-lhe dinheiro), foi encantada com a recomendação de oferecer o tesouro a quem a desencantasse.
Ao outro dia, logo a mulher que assistira à cena foi à fonte e bradou pela menina.
Esta acudiu, foi desencantada e disse-lhe:
“A tua riqueza podia ser a dobrar se tivesses esperado mais três ou quatro anos.”

Versão de Castelo de Vide, contada por Maria Francisca, recolhida e publicada por Maria Guadalupe Transmontano Alexandre (1976) – Etnografia, Linguagem e Folclore de Castelo de Vide, Viseu, Junta Distrital de Portalegre: 61 – 62.


domingo, 15 de dezembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Gaspacho do Baixo Alentejo

Ingredientes
2 ou 3 batatas cozidas e frias
2 dentes de alho
4 ou 5 tomates bem maduros sem pele
1 pepino médio
pão Alentejano (de preferência do dia anterior)
sal, vinagre, azeite q.b.
àgua fresca

Preparação
Pica-se o alho bem miudinho e pisa-se no almofariz juntamente com o sal, transferindo-se depois a pasta para a tijela (grande ) onde se vai fazer o gaspacho.
Picam-se as batatas cozidas e desfazem-se de igual modo.
Pelam-se os tomates e com as mãos desfaz-se parte deles, sendo o restante picados em bocados miudinhos.
Pela-se o pepino e pica-se em quadradinho muito, muito pequeninos.
Junta-se água bem fresca, a gosto (dependendo se gosta do caldo mais ou menos espesso).
Rectifica-se o sal e tempera-se de azeite e vinagre a gosto.
Corta-se o pão em cubinhos e junta-se ao preparado.
Experimente acompanhar o gaspacho com sardinhas assadas, peixe frito, ou ainda uns bocados de chouriço ou presunto Alentejano.

Receita retirada de Receitas e Menus

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RESENDE, Garcia de

(n. Évora em 1470; m. Évora em 1536)

Escritor, desenhador e músico português. De origem nobre, pertencia à mesma família que André de Resende e André Falcão de Resende.

Manteve-se ligado à corte, tendo sido, desde 1490, moço de câmara e secretário particular de D. João II. Homem próximo do rei D. Manuel, foi encarregado por este de várias missões, incluindo a de secretário da embaixada enviada a Leão X, sob a chefia de Tristão da Cunha. Quando voltou, D. Manuel nomeou-o fidalgo da sua casa e escrivão do príncipe D. João, futuro Rei.

Por força da sua doença, viu-se impossibilitado de atender às cortes, e como D. João III o achava indispensável, Garcia de Resende convenceu-o a realizar a cortes em Évora.

Garcia de Resende foi um hábil desenhador e arquitecto. Durante muito tempo pensou-se que teria desenhado uma custódia, que hoje se atribui a Gil Vicente, e elaborou o plano da sua capela tumular no mosteiro do Espinheiro. Desenhou também o plano de uma fortaleza que D. João II pensou construir em frente à torre da Caparica, mas que posteriormente veio a ser a Torre de Belém. Foi também responsável por delinear as festas do casamento do príncipe D. Afonso.

Compilou o célebre Cancioneiro Geral de 1516, também conhecido como Cancioneiro de Garcia de Resende. A obra reúne mais de mil composições em português e castelhano de cerca de 286 poetas palacianos da época. Nesta obra também se encontram reunidas uma série de produções suas, principiadas com a famosa questão «Cuidar e Suspirar», debatida na corte de D. João II em 1483, por causa de D. Leonor da Silva, dama muito requisitada. A maioria das composições poéticas são amorosas e satíricas, correspondendo na sua estrutura formal à redondilha-maior, habitualmente utilizada época. Os poetas contidos no Cancioneiro pertencem ao período desde o começo da segunda metade do séc. XIV até quase ao fim do primeiro quartel do séc. XVI.

Garcia de Resende escreveu outras composições poéticas como as Trovas à Morte de D. Inês de Castro, tema da poesia lírica por ele inaugurado. Grande admirador de D. João II (que acompanhou até à sua morte), escreveu Vida e Feitos de D. João II (1533), para o qual aproveitou grandemente a crónica de Rui de Pina, e que vale, sobretudo, pela vivacidade do retrato do monarca.

Foi ainda autor de uma Miscelânea e Variedade de Histórias (1554), esboço histórico da vida nacional e internacional do seu tempo, escrito em verso. No conjunto, a sua obra escrita é de extrema importância para o conhecimento da época, já que nos descreve com elevado detalhe os usos, costumes, trajos, cerimónias, convívio e relações sociais. A sua última obra foi o Sermão dos Três Reis Magos, que compôs já no último ano da sua vida, para se confortar do desgosto que os frades do Espinheiro lhe causaram nas frustradas negociações para a missa quotidiana na capela que fizera erigir.

Escreveu cedo o seu testamento, deixando expressa a sua vontade de ser erigida uma capela em honra de N.ª S.ª do Egipto, perto do mosteiro do Espinheiro, para lá ser sepultado.Com a extinção das ordens religiosas, a capela foi violada, sendo a sua pedra tumular vendida. Durante muitos anos esta pedra serviu de tampo de mesa numa casa particular, até ser recuperada e devolvida ao mosteiro do Espinheiro em 1903.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXV, pp. 236-238.

Enciclopédia Universal Multimédia on-line.História da Literatura Portuguesa - Resende, Garcia de. [Online] URL: http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/geral?tipo=2&p=-1&texto=resende%2C+garcia. Acedido a 5 de Novembro de 2007.