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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Personalidades Alentejanas - Diogo Lopes de Azevedo


Diogo Lopes Azevedo (Alandroal, 1465 — Alandroal, 1530), foi um fidalgo Português que aportou pela primeira vez em Malaca em 1509, antes da conquista em 1511 por Afonso de Albuquerque. Foi governador da Índia de 1518 a 1522.

Ao serviço de D. Manuel I, foi enviado para fazer o reconhecimento da costa de Madagáscar (então nomeada Ilha de São Lourenço) e respectivas potencialidades comerciais, aportando depois na Índia. Durante esta viagem, que se prolongou por vários anos, chegou a Samatra e Pacém, onde ergueu padrões com as armas portuguesas. Em outras viagens passou por Ceuta, Arzila, Alcácer Ceguer, Diu e Goa, reparando fortalezas em diversas paragens.

Em 1509, pouco antes de Afonso de Albuquerque assumir o cargo de governador da Índia, Lopes de Sequeira comandou a primeira frota portuguesa a chegar a Malaca. Obtendo a autorização do sultão local, aportou com cinco navios para comerciar levando credenciais e presentes. Inicialmente foi bem recebido, desembarcou homens e mercadorias, no entanto não consegiu um acordo para estabelecer uma feitoria, pois os gujarates, os mercadores muçulmanos locais, opuseram-se com o apoio do bendahara. Visto como uma intrusão no comércio entre o estreito de Malaca e as ilhas indonésias, foi planeada uma tentativa de destruir a expedição. Diogo Lopes Azevedo abandonou rapidamente a costa com três dos navios, deixando para trás dois navios incendiados, várias baixas e dezanove prisioneiros. Afonso de Albuquerque, instado a libertar os portugueses, conquistaria Malaca em 1511. Diogo Lopes Azevedo foi nomeado governador da Índia de 1518 a 1522, cargo que terá desempenhado de forma contestável, enriquecendo abusivamente. Em 1524, já sob D.João III, participou da Conferência de Elvas e Badajoz onde Portugal disputaria as Molucas com Castela, nos acordos de demarcação a Este do da linha do Tratado de Tordesilhas, onde, mercê da relação difícil com o rei, terá assumido uma posição favorável aos últimos.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alandroal

segunda-feira, 3 de março de 2014

VERNEY, Luiz António

(n. Lisboa em 1713; m. Roma em 1792)

Filósofo, pedagogista, crítico e delineador de reformas português. Formou-se em Artes e, posteriormente, em Teologia na Universidade de Évora. Foi nomeado pelo Papa arcediago de sexta cadeira na catedral de Évora. O seu conhecimento em línguas clássicas e modernas, levou-o a ter contacto directo com as mais diversas obras escritas.

A sua mais célebre obra é o Verdadeiro Método de Estudar. Esta obra criticava todo o método de ensino utilizado na altura e também a mentalidade portuguesa de então. Esta obra foi duramente criticada na altura, à excepção de D. João V, que percebeu que este estudo implicava uma verdadeira reforma no ensino português. Por isso, encarregou Luís Verney de elaborar os novos Estatutos da Universidade de Coimbra.

A sua constante vontade em querer instruir os portugueses, em várias matérias filosóficas, científicas, históricas e literárias, levaram-no a assumir uma postura mais política, mas embateu com as ideias do marquês de Pombal, que rapidamente o fez desacreditar e vetou-o ao esquecimento.

Refugiou-se em Roma, onde para publicar os seus livros reformistas, acabou por despender a sua fortuna. Ficou conhecido por ser um verdadeiro “iluminista” e um dos primeiros precursores da medicina moderna em Portugal.



In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXXIV, pp. 712-716.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Personalidades Alentejanas - SIMÕES, Augusto Filipe

(n. Coimbra a 18 Junho 1835; m. Coimbra 1884)

Filho de Manuel Simões Cardoso e de D. Constança Jesuína de Paula Cardoso. Bacharel formado nas Faculdades de Filosofia (em 1855) e Medicina (em 1860) pela Universidade de Coimbra; Médico do partido municipal do concelho de Goes nos anos de 1860 a 1862, e provido depois na cadeira de Introdução á Historia Natural no Liceu de Évora, da qual tomou posse em 1863, sendo conjuntamente nomeado Bibliotecário da Biblioteca Pública da mesma cidade.

A sua passagem por Évora foi marcante, já que foi o responsável pela organização do Museu de Cenáculo, rico repositório espigráfico-arqueológico, a restauração do Templo de Diana, a reforma da Santa Casa da Misericórdia, a criação e dotação de um posto meteorológico e a beneficiação da biblioteca.

Mais tarde torna-se lente catedrático na Universidade de Coimbra, mas a sua paixão pela arqueologia leva-o a criar um museu no Instituto de Coimbra, e na biblioteca da Universidade leva a cabo uma catalogação profunda e meticulosa. Foi também eleito deputado nas cortes, colaborou em várias publicações e escreveu vários livros, na sua maioria sobre a medicina ou arqueologia.

De entre as suas obras destacam-se as seguintes: Cartas da beira mar (Coimbra, 1867); Relatorio ácerca da Bibliotheca publica d'Evora, dirigido ao Ministerio do Reino, publicado na Folha do Sul.


In Dicionário Bibliográfico Português. Estudos de Innocencio Francisco da Silva applicaveis a Portugal e ao Brasil. Continuados e ampliados por P. V. Brito Aranha. Revistos por Gomes de Brito e Álvaro Neves [CD-ROM]. Lisboa, Imprensa Nacional, 1858-1923. Vol. VIII, p. 340.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol XXIX. pp. 52-53.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Personalidades Alentejanas - SARDINHA, António Maria de Sousa

(n. Monforte a 9 Setembro 1887; m. Elvas a 10 Janeiro 1925)

Poeta, historiador e político, destacou-se como ensaísta, polemista e doutrinador, tornando-se um verdadeiro condutor da intelectualidade portuguesa do seu tempo. Foi pela mão de Eugénio de Castro que Sardinha publicou os seus primeiros poemas, quando tinha apenas 15 anos.

Em 1911, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Desde cedo começou a publicar livros, entre romances e poesias.

Convertido ao Catolicismo e à Monarquia, juntou-se a Hipólito Raposo, Alberto de Monsaraz, Luís de Almeida Braga e Pequito Rebelo, para fundar a revista Nação Portuguesa, publicação de filosofia política a partir da qual foi lançado o movimento político-cultural Integralismo Lusitano, causando assim grande impacto na sociedade da altura.

A passagem das Letras à Política consumou-se em 1915, ao pronunciar na Liga Naval de Lisboa uma conferência onde alertava para o perigo de uma absorção espanhola. Durante o breve consulado de Sidónio Pais, António Sardinha foi eleito deputado na lista da minoria monárquica. Em 1919, exilou-se em Espanha após a sua participação na fracassada da tentativa restauracionista de Monsanto e da "Monarquia do Norte".

Ao regressar a Portugal, 27 meses depois, tornou-se director do diário A Monarquia onde veio a desenvolver um intenso combate em defesa da filosofia e sociologia política e, rejeitando a tese da decadência de Spengler, em defesa do catolicismo hispânico como a base da sobrevivência da civilização do Ocidente.

Veio a morrer em Elvas com apenas 37 anos. Com esta morte prematura, a maior parte da sua obra foi publicada postumamente, pelo que ainda deixou um esboço de uma História de Portugal, com uma visão nova e profunda da evolução da nacionalidade portuguesa.

De entre as suas obras poéticas, destacam-se: Tronco Reverdecido (1910), Epopeia da Planície (1915), Quando as Nascentes Despertam (1921), Na Corte da Saudade (1922), Chuva da Tarde (1923), Era uma Vez um Menino (1926), O Roubo da Europa (1931), Pequena Casa Lusitana (1937). Dos Estudos e Ensaios referem-se: O Valor da Raça (1915), Ao Princípio Era o Verbo (1924), A Aliança Peninsular (1924), A Teoria das Cortes Gerais (1924), Ao Ritmo da Ampulheta (1925), entre outros.


In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXVII, p. 726.

Angelfire - Unica Semper Avis Portugal. António Sardinha. [Online] URL: http://www.angelfire.com/pq/unica/il_antonio_sardinha.htm. Acedido a 12 de Novembro de 2007.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Personalidades Alentejanas - SÁ, Mário Vieira de

(n. Lisboa em 1888)

Oriundo de uma família distinta, Mário Vieira e Sá formou-se em Agronomia pelo Instituto de Agronomia e Veterinária de Lisboa. Habilitou-se também com a especialidade de Agricultura Colonial, a fim de poder exercer a profissão no Ultramar.

Entre os mais diversos e numerosos cargos que desempenhou, contam-se os seguintes: consultor técnico da Associação Central da Agricultura Portuguesa; director da Sociedade de Ciências Agrónomas de Portugal; director da Associação dos Regentes Agrícolas; director da Fiscalização dos Produtos Agrícolas; director dos abastecimentos do Distrito de Vila Real; director da Secção Agronómica da Empresa Internacional de Comércio e Indústria, Lda; director da Secção Agronómica da Antiga Casa Luís Bartosa, etc.

Chegou também a ocupar vários cargos de director em Moçambique, mas tornou-se mais conhecido pelo seu estudo e ordenamento da Mata Nacional do Alfeite, e pelo estudo da zona de Abrantes de uma praga que assolava os sobreiros, trabalhos encomendados pelo ministro do Fomento da Altura, o Dr. Brito Camacho.

Além de vários artigos da sua especialidade, inseridos em revistas científicas, publicou: As Vacas Leiteiras; O Alentejo-Sua Descrição Geral, Principais Produções e Projecto de Irrigação; Sal das Colónias Portuguesas; Dicionário Ilustrado sobre Sal e Marinhas de Sal e Exploração Racional de Vacas Leiteiras.

Foi também o fundador do jornal A Voz do Campo, que abordava assuntos agrícolas, e foi colaborador de outras tantas publicações.


In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXXV, pp. 270-271.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Personalidades Alentejanas - RIVARA, Joaquim Heliodoro da Cunha

(n. Arraiolos em 1800; m. Évora em 1879)

Formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra, mas nunca mostrou grande predilecção pelo exercício da mesma. Passou então a ocupar cargos administrativos no Governo Civil de Évora, e depois de ter leccionado aulas de filosofia no liceu foi nomeado bibliotecário da Biblioteca Pública da cidade.

Durante 15 anos desempenhou um trabalho assinalável nesta Biblioteca, mais concretamente na sua reorganização. Conseguiu construir uma nova sala, com a capacidade para 8000 livros, reparou totalmente o edifício, separou e fez intregrar nela mais de 10 000 volumes de livrarias de conventos extintos, além de doar vários livros da sua própria biblioteca particular. Por falta de empregados, todos os volumes foram catalogados por si.

Todo este trabalho não fez com que Cunha Rivara se desviasse das suas obrigações de magistrado, participando também em diversas publicações e chegou mesmo a ser eleito deputado por Évora. Foi nomeado Secretário-geral do Governador-geral da Índia, cargo que o fez visitar todo o Padroado do Oriente. Conseguiu ganhar a confiança dos políticos da altura devido ao seu excelente trabalho no aperfeiçoamento dos serviços administrativos, da instrução pública e da educação popular, bem como para o progresso económico e industrial.

Nas suas visitas ao Oriente, elaborou um extenso trabalho de investigação de todas as ruínas e monumentos que comprovassem a presença dos portugueses. Publicou também diversos artigos do arquivo do Governo-geral, e defendeu intensamente os direitos da Nação, tanto em negociações, como em controvérsias na imprensa.

Voltou novamente a Évora, onde se iria dedicar quase por inteiro à publicação de numerosos artigos. Publicou na sua maioria textos locais dos mais variados assuntos (entre os quais alguns textos sobre saúde pública, a sua formação) e, como fruto da sua presença na Índia, publicou numerosos documentos acerca da acção portuguesa na Ásia.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXV, pp. 791-793.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Personalidades Alentejanas - RIBEIRO, José Silvestre

(n. Idanha-a-Nova em 1807; m. Lisboa em 1891)

Filho de António Nunes Ribeiro e de Josefa Pereira da Silva. Fez os estudos preparatórios na sua vila natal, tendo-se matriculado no 1.º ano do curso de Filosofia da Universidade de Coimbra a 14 de Outubro de 1823 e, no ano seguinte, matriculou-se no 1.º ano jurídico na mesma Universidade.

As suas convicções liberais levaram a que se destacasse no contexto académico, ficando como memorável o debate que sustentou com João Baptista Teixeira de Sousa, então estudante de Direito, numa aula do lente Faustino Simões Ferreira, em defesa do regime liberal. Num percurso típico da sua geração, José Silvestre Ribeiro incorporou-se no Batalhão Académico que se formou em defesa do liberalismo, sendo obrigado, pelas vicissitudes que se seguiram à Vilafrancada a abandonar a Universidade de Coimbra e a procurar o exílio. Falhada a Belfastada, integrou o exército dos vencidos e refugiou-se na Galiza, de onde partiu para Paris.

Em Paris procurou retomar a sua formação académica, assistindo a aulas na Universidade e estudando com François Guizot. Esta passagem por Paris, apesar de curta, teria repercussões no pensamento de Silvestre Ribeiro. Aqui ganhou uma visão europeísta de Portugal, que o levou a ser crítico em relação a muitas das opções africanistas e pró-coloniais da intelectualidade e dos políticos portugueses seus contemporâneos.

De Paris partiu para Plymouth, onde se incorpora nas forças do partido liberal que partiram para Belle-Île e daí para a ilha Terceira. Durante a sua estadia em Belle-Île destaca-se como um dos organizadores da expedição, integrando-se no Batalhão dos Voluntários Académicos comandado por João Pedro Soares Luna. Na Terceira, face às dissidências que já afligiam o campo liberal, ficou com o seu batalhão acantonado na vila da Praia, participando activamente nas escaramuças que se travaram contra as guerrilhas absolutistas que ainda subsistiam na ilha. Após a chegada aos Açores de D. Pedro IV, partiu para Ponta Delgada, onde foi incorporado na expedição naval, comandada pelo almirante George Rose Sartorius, dos famosos 7500 bravos que daquela cidade partiram a 8 de Julho de 1832 e que protagonizaram o desembarque do Mindelo. Na fase final das lutas liberais, integrou a expedição comandada por António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha, depois 1.º duque da Terceira, que partiu do Porto e desembarcou em Cacela, no Algarve. Acompanhou essas tropas no seu percurso até Lisboa, estando entre as primeiras forças liberais que entraram na capital portuguesa a 24 de Julho de 1833.

Assinada a Convenção de Évora-Monte que pôs termo à guerra civil, retomou os estudos, sendo despachado bacharel em Cânones a 13 de Outubro de 1834, beneficiando das dispensas que se concederam aos ex-combatentes liberais. Estando entre os vencedores da guerra e beneficiando das fortes ligações políticas que tinha cimentado no Batalhão Académico, logo a 7 de Junho de 1834 foi nomeado prefeito da Província da Beira Baixa, a qual integrava o seu concelho natal. Permaneceu neste cargo até à extinção das prefeituras, passando então a exercer o cargo de secretário-geral do Governo Civil de Castelo Branco, onde se manteve até 1837.

Sobre a sua acção na prefeitura publicou em Lisboa, ainda em 1834, um opúsculo intitulado Defesa do prefeito da Beira Baixa. Naquele ano foi nomeado administrador-geral interino do Distrito de Portalegre (cargo que anos depois seria redenominado governador civil). Exerceu essas funções até 1839, ano em que resolveu aceitar a nomeação para administrador-geral do Distrito de Angra do Heroísmo, regressando assim à ilha Terceira.

Exerceu as funções de governador civil do Distrito de Beja de 13 de Novembro de 1844 a 27 de Maio de 1846, data em que foi nomeado governador civil de Faro. Durante o seu mandato em Beja teve importante acção na área da beneficência, elaborando um interessante estudo sobre a situação do distrito, incluindo o levantamento das suas primeiras estatísticas, que publicaria já quando governador civil do Funchal. Não chegou a exercer funções em Faro, já que foi exonerado apenas um mês depois de ser nomeado, a 27 de Junho de 1846, passando nessa altura a secretariar António José de Ávila, o futuro 1.º duque de Ávila e Bolama.

José Silvestre Ribeiro chegou ao Funchal a 12 de Setembro de 1846 com as funções de ajudante e secretário de António José de Ávila, então nomeado delegado régio para na ilha da Madeira sindicar as graves desordens que se haviam gerado em resultado do abandono do catolicismo por um numeroso grupo de madeirenses liderados pelo médico escocês e missionário calvinista Robert Reid Kalley. Nessas circunstâncias, a 5 de Setembro de 1846, foi nomeado governador civil do Distrito do Funchal, cargo do qual tomou posse a 7 de Julho de 1846 e no qual teve de imediato de enfrentar os problemas resultantes da intolerância religiosa que levou largas centenas de madeirenses a abandonar a ilha para se irem instalar nas Caraíbas e no estado norte-americano de Illinois, em especial na cidade de Jacksonville.

Na Madeira dedicou grande atenção às questões sociais e de fomento económico, tendo fundado algumas instituições de beneficência e de socorro social. Também a instrução pública lhe mereceu particular cuidado, pois fundou escolas e promoveu a inspecção das existentes, já que a sua eficácia parecia nula. As questões da acessibilidade interna, muito dificultadas pelo relevo escarpado da ilha, também foram por ele consideradas. Teve em especial atenção a construção de pontes e de locais onde fosse possível o descanso dos viajantes obrigados a trepar as grandes ladeiras existentes na ilha. Um desses abrigos é actualmente considerado monumento: a Casa de Abrigo do Poiso. Também a ponte do Ribeiro Seco e a Estrada Monumental, iniciativas do prefeito Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque, foram por ele concluídas. A nível do fomento económico, deveu-se a José Silvestre Ribeiro a primeira acção de promoção do bordado da Madeira.

A primeira eleição de José Silvestre Ribeiro como deputado às Cortes ocorreu nas eleições gerais realizadas em Agosto de 1845, sendo eleito pelo círculo de Angra do Heroísmo. Prestou juramento a 26 de Janeiro de 1846, integrando a Comissão de Verificação de Poderes. Naquela legislatura, a sexta da Monarquia Constitucional portuguesa, ocorreu apenas uma sessão legislativa (de Janeiro a Maio), já que os acontecimentos da Revolução da Maria da Fonte, a Emboscada e o desencadear da guerra civil da Patuleia, cedo levaram à suspensão da vida parlamentar. Daí que tenha sido fácil a José Silvestre Ribeiro manter as suas funções no governo civil da Madeira.

Terminada a guerra civil com a assinatura da Convenção de Gramido, volta a ser candidato nas primeiras eleições posteriores à pacificação do país, realizadas em Novembro de 1847. Desta vez foi eleito pelo círculo do Funchal, prestando juramento a 4 de Janeiro de 1849. Veio a destacar-se a sua participação na Comissão Especial encarregada de examinar o projecto de lei do Código Florestal e da reforma da Administração Pública. Na sétima legislatura da Monarquia Constitucional, com sessões de 1 de Janeiro de 1848 a 25 de Maio de 1851, foi um parlamentar activo e assíduo, mantendo o seu estilo de intervenção pertinaz e frequente em matérias de interesse local do seu círculo eleitoral.

Voltou a ser eleito pela Madeira nas eleições gerais de 12 de Dezembro de 1852, prestando juramento a 27 de Abril de 1853. A 2 de Outubro de 1856 o rei fê-lo membro extraordinário do Conselho de Estado. Ao todo proferiu mais de 200 intervenções nesta legislatura, sendo considerado essencialmente pró-governamental, embora tenha recusado uma nomeação para a Comissão Diplomática argumentando ser da oposição.

Estando o Partido Histórico no poder, foi chamado a integrar o ministério presidido por Nuno José Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto, o 1.º duque de Loulé, assumindo o Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça a 7 de Dezembro de 1857. Contudo, a sua experiência governamental pouco durou, pois foi exonerado, a seu pedido, a 31 de Março de 1858. Mesmo assim, em consequência da iniciativa de José Silvestre Ribeiro de constituir uma comissão encarregada das reformas do Código Penal e do Processo Penal, foi constituída uma comissão e foram publicados múltiplos artigos com as opiniões de diversos peritos e corporações sobre as propostas de reforma que iam sendo apresentadas.

Nas eleições gerais de 2 de Maio de 1858 foi eleito pelo círculo de Angra do Heroísmo, constituindo esta a sua última eleição parlamentar. Prestou juramento a 22 de Novembro de 1858. Por esta altura manifestava-se abertamente contra a menorização do espírito de localidade, afirmando que o facto de ser deputado da Nação não deveria impedir a atenção aos interesses de círculo, mesmo que pudesse ser considerado um interesse de campanário. Interessou-se sobremaneira pelas questões da educação e pela defesa da liberdade e transparência eleitorais e pelo fim do arbítrio nas operações de recrutamento militar. Foi um dos subscritores da proposta de lei que visava a libertação de todos os escravos que entrassem nos portos de Portugal e das Ilhas Adjacentes.

Fez parte da comissão encarregue de apresentar as bases para a reforma do Código Administrativo, que funcionou de 1862 a 1864, e de múltiplas outras instituições e comissões públicas. Foi elevado ao pariato por carta régia de 29 de Dezembro de 1881, tomando assento na Câmara dos Pares a 30 de Janeiro de 1881. Por esta altura já a sua capacidade e interesse na participação parlamentar estavam reduzidos, tendo sido escassa a sua intervenção nos debates.

Manteve ao longo de toda a sua vida uma intensa actividade cívica, intervindo na fundação de múltiplas associações. Foi, entre outras instituições, fundador da Sociedade Protectora dos Animais, e seu primeiro presidente da assembleia geral, e do Montepio Geral, a cuja assembleia geral também presidiu. Foi membro da Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses, cuja revista editou, e sócio honorário da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense.

Interessou-se pelos estudos literários, sendo um estudioso de Luís de Camões, Dante Alighieri, Luisa Sigea de Velasco e Calderón de la Barca, entre outros clássicos. Neste contexto dedicou-se a assuntos de linguística e de história da literatura, com especial foco na literatura portuguesa, assunto que foi objecto de uma notável obra sua, e na diferenciação entre a língua portuguesa falada em Portugal e no Brasil. No âmbito da história da cultura, publicou a obra História dos estabelecimentos científicos, literários e artísticos de Portugal nos sucessivos reinados da monarquia, em 18 volumes. A este veio-se juntar um 19.º volume, constituído pelos Apontamentos históricos sobre bibliotecas portuguesas, deixado inédito pelo autor e apenas publicado em 1914, organizado e antiloquiado por Álvaro Neves.

Este labor intelectual valeu-lhe a eleição para membro da Academia Real das Ciências de Lisboa. Foi colaborador assíduo de diversos jornais e revistas, entre os quais a Chronica Constitucional do Porto, O Panorama, Jornal do Comercio, A Revolução de Setembro, O Archivo Pittoresco, Encyclopedia Popular, Diario de Notícias, O Conimbricense e muitos outros.

 Wikipédia, a enciclopédia livre. José Silvestre Ribeiro. [Online] URL: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Silvestre_Ribeiro. Acedido a 5 de Novembro de 2007.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Personalidades Alentejanas - RIBEIRO, Bernardim

(n. Torrão em 1482?; m. 1552?)

Escritor português. Algumas referências na sua obra, que se supõe serem autobiográficas, levam a pensar que seria natural do Torrão (Alcácer do Sal) e certas conjecturas feitas a propósito da segunda edição de Menina e Moça apontam para que tenha morrido antes de 1557.

Frequentou a corte, onde foi poeta conhecido, e colaborou no Cancioneiro Geral (1516) de Garcia de Resende. Sá de Miranda fez-lhe várias referências nas suas obras como grande amigo e companheiro de letras e afirmou que, com as suas éclogas, Bernardim Ribeiro foi o introdutor do bucolismo em Portugal.

A sua obra mais célebre é a Menina e Moça, da qual há três versões. A primeira foi editada em 1554, em Ferrara, pelo exilado judeu português Abraão Usque. Este facto apoia a tese de alguns ensaístas, nomeadamente Hélder de Macedo (Do Significado Oculto da Menina e Moça), acerca do judaísmo de Bernardim Ribeiro. Isto daria à obra, de estrutura aparentemente inconclusa, um significado cifrado que constituiria a representação esotérica da comunidade judaica no exílio. Tal tese surge apoiada ainda em outros factos da vida do autor, como o seu afastamento forçado da corte, talvez mesmo de Portugal, já que a publicação das suas obras teve lugar em cidades estrangeiras, onde havia comunidades de judeus emigrados. Posteriormente segui-se a edição eborense de 1557, por André de Burgos, e a terceira, de 1559, impressa por Arnold Birckman em Colónia.

Menina e Moça é uma novela sentimental, com influência de Boccaccio, de temática amorosa e cavaleiresca com fundo bucólico e autobiográfico (como o sugerem os inúmeros anagramas, quer do nome do autor, Binmarder, quer de pessoas das suas relações, como Aónia ou Avalor). Nela se encontra presente uma subtil análise psicológica em voz feminina, eco da tradição galego-portuguesa das cantigas de amigo e precursora do romance psicológico moderno. O amor trágico alia-se a um sentimento geral de fatalismo e solidão, numa linguagem que se aproxima sugestivamente do coloquialismo, de extrema riqueza rítmica e lírica. Esta novela, cuja designação desde cedo se popularizou como Saudades, veio influenciar claramente a literatura portuguesa, constituindo um fundo sentimental recuperado e reelaborado posteriormente por vários escritores e, nomeadamente, pelos movimentos romântico e saudosista.

Além da novela Menina e Moça, Bernardim Ribeiro escreveu doze poesias menores incluídas no Cancioneiro Geral e três composições em verso (o vilancete Pera tudo houve remédio, a cantiga Pensando-vos estou, filha e o romance de Avalor), cinco éclogas, a sextina Ontem pôs-se o sol e a noute, o romance Ao longo de ua ribeira e duas cantigas e outras composições que foram incluídas na edição de Ferrara daquela novela, em 1554, a cargo de Abraão Usque. O romance Ao longo de ua ribeira, única composição portuguesa inserida no Cancioneiro Castelhano de 1550 (segundo Carolina Michaelis), só apareceu publicado com as obras completas do poeta na edição de 1645.

Enciclopédia Universal Multimédia On-Line. História da Literatura Portuguesa - Ribeiro, Bernardim. [Online] URL: http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/artigo?cod=2_99. Acedido a 18 de Novembro de 2007.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RIBEIRO, Aquilino

(n. Carregal de Tabosa - Sernancelhe - em 1885; m. Lisboa em 1963)

Foi um dos romancistas portugueses mais fecundos da primeira metade do século XX. Frequentou o colégio jesuíta da Lapa e os seminários de Lamego, Viseu e Beja. Em 1906 abandonou o seminário e fixou-se em Lisboa, dedicando-se à defesa da república através de textos conspiratórios. Devido a uma explosão no seu quarto, onde morrem dois carbonários, foge para Paris e só regressa em 1914. Dedicou-se então ao ensino e juntou-se ao grupo da Seara Nova. Entre 1927 e 1928, sofreu algumas perseguições e chegou mesmo a ser preso, conseguindo fugir novamente para Paris. Em 1959, foi-lhe movido um processo censório pelo seu romance Quando os Lobos Uivam.

A sua obra romanesca insere-se numa linha camiliana e destacam-se os seguintes volumes: Andam Faunos pelos Bosques (1926); A Casa Grande de Romarigães (1957); O Malhadinhas e Quando os Lobos Uivam (1958). Estas representam tendências constantes na sua ficção: um regionalismo apegado à terra campesina e às suas gentes, sem perder universalidade nos seus carácteres e descrições; uma ironia terna e complacente perante os vícios humanos comuns; uma crítica violenta da opressão política e do fanatismo ideológico; uma atenção inebriada ao pulsar do torrão campestre, tanto como à vibração sensual do corpo no ser humano.

Centro Virtual Camões. Literatura Portuguesa - Aquilino Ribeiro (1885-1963). [Online] URL: http://www.instituto-camoes.pt/cvc/literatura/AQUILINO.HTM. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

Projecto Vercial. Aquilino Ribeiro. [Online] URL: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/aquilino.htm. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RESENDE, Garcia de

(n. Évora em 1470; m. Évora em 1536)

Escritor, desenhador e músico português. De origem nobre, pertencia à mesma família que André de Resende e André Falcão de Resende.

Manteve-se ligado à corte, tendo sido, desde 1490, moço de câmara e secretário particular de D. João II. Homem próximo do rei D. Manuel, foi encarregado por este de várias missões, incluindo a de secretário da embaixada enviada a Leão X, sob a chefia de Tristão da Cunha. Quando voltou, D. Manuel nomeou-o fidalgo da sua casa e escrivão do príncipe D. João, futuro Rei.

Por força da sua doença, viu-se impossibilitado de atender às cortes, e como D. João III o achava indispensável, Garcia de Resende convenceu-o a realizar a cortes em Évora.

Garcia de Resende foi um hábil desenhador e arquitecto. Durante muito tempo pensou-se que teria desenhado uma custódia, que hoje se atribui a Gil Vicente, e elaborou o plano da sua capela tumular no mosteiro do Espinheiro. Desenhou também o plano de uma fortaleza que D. João II pensou construir em frente à torre da Caparica, mas que posteriormente veio a ser a Torre de Belém. Foi também responsável por delinear as festas do casamento do príncipe D. Afonso.

Compilou o célebre Cancioneiro Geral de 1516, também conhecido como Cancioneiro de Garcia de Resende. A obra reúne mais de mil composições em português e castelhano de cerca de 286 poetas palacianos da época. Nesta obra também se encontram reunidas uma série de produções suas, principiadas com a famosa questão «Cuidar e Suspirar», debatida na corte de D. João II em 1483, por causa de D. Leonor da Silva, dama muito requisitada. A maioria das composições poéticas são amorosas e satíricas, correspondendo na sua estrutura formal à redondilha-maior, habitualmente utilizada época. Os poetas contidos no Cancioneiro pertencem ao período desde o começo da segunda metade do séc. XIV até quase ao fim do primeiro quartel do séc. XVI.

Garcia de Resende escreveu outras composições poéticas como as Trovas à Morte de D. Inês de Castro, tema da poesia lírica por ele inaugurado. Grande admirador de D. João II (que acompanhou até à sua morte), escreveu Vida e Feitos de D. João II (1533), para o qual aproveitou grandemente a crónica de Rui de Pina, e que vale, sobretudo, pela vivacidade do retrato do monarca.

Foi ainda autor de uma Miscelânea e Variedade de Histórias (1554), esboço histórico da vida nacional e internacional do seu tempo, escrito em verso. No conjunto, a sua obra escrita é de extrema importância para o conhecimento da época, já que nos descreve com elevado detalhe os usos, costumes, trajos, cerimónias, convívio e relações sociais. A sua última obra foi o Sermão dos Três Reis Magos, que compôs já no último ano da sua vida, para se confortar do desgosto que os frades do Espinheiro lhe causaram nas frustradas negociações para a missa quotidiana na capela que fizera erigir.

Escreveu cedo o seu testamento, deixando expressa a sua vontade de ser erigida uma capela em honra de N.ª S.ª do Egipto, perto do mosteiro do Espinheiro, para lá ser sepultado.Com a extinção das ordens religiosas, a capela foi violada, sendo a sua pedra tumular vendida. Durante muitos anos esta pedra serviu de tampo de mesa numa casa particular, até ser recuperada e devolvida ao mosteiro do Espinheiro em 1903.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXV, pp. 236-238.

Enciclopédia Universal Multimédia on-line.História da Literatura Portuguesa - Resende, Garcia de. [Online] URL: http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/geral?tipo=2&p=-1&texto=resende%2C+garcia. Acedido a 5 de Novembro de 2007.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RESENDE, André Falcão de

(n. Évora em 1527; m. Lisboa em 1599)

Era sobrinho de Garcia de Resende e primo de André de Resende. Frequentou as Universidades de Évora e Coimbra onde se formou em Artes e Lei Canónica, respectivamente. Seguiu a carreira de magistratura, foi juiz de fora em Torres Vedras e noutras vilas e cidades, e também auditor da Casa de Aveiro.

Foi amigo de Camões, poeta cujo estilo procurou imitar, de tal modo que durante muito tempo se pensou ser deste autor a obra Microcosmographia e descripção do Mundo Pequeno que é o Homem. Compou-lo em português, castelhano e latim. Publicou em Madrid os poemas Theocristo e Mundo Pequeno. Traduziu em oitavas as Homilias do cardeal D. Henrique. No livro Relação do solene recebimento que se fez em Lisboa às Santas Relíquias que se levaram à Egreja de S.Roque da Companhia de Jesus, do Padre Manuel de Campos foram publicadas muitas das suas poesias.

Em 1860 publicou-se um manuscrito com as Obras do Licenciado André Falcão de Resende, natural de Évora. Esta obra contem a Microcosmografia e 78 sonetos, 7 odes, 5 epístolas, 12 sátiras, 4 epitalâmios, 1 elegia, 7 estâncias, 1 epigrama, 2 sextilhas, 2 vilancetes, 32 versões de odes de Hóracio, a sátira 9ª do livro 1º do mesmo poeta e várias prosas.
 
In Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa: Editorial Verbo, 1983. Vol. 16, pp. 384-386.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXV, p. 233.

sábado, 23 de novembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RESENDE, André de

(n. Évora ca. 1500, m. Évora em 1573)

Humanista português. Ingressou com dez anos no convento da ordem de São Domingos. Frequentou depois várias universidades espanholas, como as de Alcalá de Herares e Salamanca. Doutorando-se nesta última.

Em 1533 foi convidado para mestre do infante D. Duarte. Transferiu-se por essa altura da ordem dominicana para a situação de clérigo secular. Regia, simultaneamente, a cadeira de Humanidades na Universidade de Lisboa, passando a leccionar, em 1537, na de Coimbra.

André de Resende foi, provavelmente, o pioneiro da arqueologia em Portugal, à qual se dedicou com zelo, devendo-se-lhe o primeiro estudo dos monumentos epigráficos da época romana em Portugal. Foi sepultado em Évora, no claustro do convento de São Domingos.

Deixou-nos numerosos manuscritos em latim e português (livros, opúsculos, poemas, estudos arqueológicos), sendo as suas obras principais Encomium Urbis et Academiae Lovaniensis (1530); Erasmi Encomium, Carmen Eruditum et Elegans (1531); In Erasmomastigas Iambi (1531); De Vita Aulica (1533); Oratio Pro Rostris (oração de sapiência na abertura da Universidade de Lisboa, em 1534); Vincentius Levita et Martyr (1545); História da Antiguidade da Cidade de Évora (1553); Vida do Infante D. Duarte e as obras póstumas Ad Bartholomaeum Kebedium (1576) e Antiquitatum Lusitaniae (1600).

Revelou-se ainda como compositor musical, sendo da sua autoria o Ofício de São Gonçalo e o Ofício de Santa Isabel.

Enciclopédia Universal Multimédia on-line. História da Literatura Portuguesa - Resende, André de. [Online] URL: http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/geral?tipo=2&p=-1&texto=resende. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Personalidades Alentejanas - REAL, Jerónimo Corte

(n. Lisboa em 1530?; m. Évora em 1588)

Terá nascido em Lisboa de uma família nobre e faleceu em Évora. Serviu como militar em Marrocos e na Índia. Tornou-se conhecido com o Segundo Cerco de Diu (1574), poema em vinte e dois cantos dedicado ao rei D. Sebastião. O poema celebra os feitos militares de D. João de Castro e de D. João de Mascarenhas no cerco que a cidade de Diu sofreu em 1546. Escreveu também em quinze cantos e em castelhano a Austríada (1578) e o Naufrágio de Sepúlveda (1598). Os poemas têm um tom laudatório e relevam da poesia épica. O autor reflecte a decadência do império português nos finais do século XVI.

As suas principais obras são: Sucesso do Segundo Cerco de Diu, Estando D. João de Mascarenhas por Capitão da Fortaleza (Lisboa, 1574); Austríaca ou Felicissima Victoria Concedida del Cielo al Señor D. Juan de Austria en el golfo de Lepanto de la Poderosa Armada Otomana en el Año de Nuestra Salvación de 1572 (Lisboa, 1578); Naufrágio e Lastimoso Sucesso da Perdição de Manuel de Sousa Sepúlveda e Dona Leonor De Sá Sua Mulher (Lisboa, 1594); Auto dos Quatro Novíssimos do Homem, no Qual Entra também uma Meditação das Penas do Purgatório (Lisboa, 1768).

Projecto Vercial. Jerónimo Corte Real. [Online] URL: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/creal.htm. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

domingo, 3 de novembro de 2013

Personalidades Alentejanas - QUEIROZ, José Maria Eça de

(n. Póvoa do Varzim em 1845; m. Paris em 1900)

Escritor, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, funcionário do quadro do pessoal técnico superior do Ministério dos Negócios Estrangeiros, exercendo as funções de cônsul. É considerado o principal introdutor do romance realista em Portugal. A sua importância para a História da Literatura Portuguesa foi assinalada por António José Saraiva e Óscar Lopes, e a sua vida e obra foi objecto dum exaustivo ensaio biográfico da autoria do crítico João Gaspar Simões, em 1945. Ainda hoje deve ser o escritor português mais lido em Portugal e no Brasil, e aquele que é objecto de maior número de obras de investigação e teses universitárias nos domínios da língua e da história das mentalidades.

Em 1866, com o grau de bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, Eça de Queiroz instalou-se em Lisboa, iniciando a sua colaboração jornalística na Gazeta de Portugal, com umas «Notas Marginais».

A partir de 6 de Janeiro de 1867 inicia-se a sua estreita ligação à cidade de Évora. Efectivamente, encontrou trabalho nesta cidade aos 21 anos de idade, como redactor-principal do bi-semanário o Distrito de Évora, aceitando a proposta que os amigos e parentes de seu pai, residentes na cidade, lhe haviam feito. Supõe-se que não devem ser estranhos ao convite, o Par do Reino e grande proprietário, Dr. José Maria Eugénio de Almeida e Lobo de Ávila, depois Conde de Valbom, que devem ter sido condiscípulos do pai do romancista na Universidade de Coimbra. Neste jornal, Eça de Queiroz escreveu o editorial e outros artgos como a «Crónica», a «Correspondência do Reino», a «Revista crítica dos Jornais», a «Política Estrangeira», a «Crítica de Literatura e Arte» e «Leituras Modernas». Eça foi na realidade o director, o chefe de redacção, o redactor e o repórter do periódico. Até 11 de Julho de 1867, Eça de Queiroz manteve a viva a chama do jornalismo combativo e de intervenção nesta cidade.

Foi também em Évora que abriu um escritório de advogado pela primeira vez. Com efeito, foi defensor de André Maria Ferreira Vilalobos, o qual denunciava o «escandaloso» aforamento da herdade do Sobral, em detrimento da Casa Pia da cidade. Em Dezembro de 1867 deixa a cidade de Évora para se estabelecer como advogado em Lisboa. A partir desta década desenvolverá a actividade literária e cultural por que é conhecido.

Participou nas Conferências do Casino e é um dos membros da Geração de 70. Foi nomeado cônsul, tendo viajado pelo Egipto, Cuba, Londres, Paris, etc. Das suas obras destacam-se Uma Campanha Alegre (1871), O Crime do Padre Amaro (1875-1876), O Primo Basílio (1878), A Relíquia (1887), Os Maias (1888), A Correspondência de Fradique Mendes (1900), A Cidade e as Serras (1901), Contos (1902) e Prosas Bárbaras (1903). Traduziu o romance de Rider Haggard, As Minas de Salomão.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. IX, pp. 385-387.

In SILVA, Joaquim Palminha (Coord.) - Dicionário Biográfico de Notáveis Eborenses 1900/2000. Évora: Tip. Diário do Sul, 2004. pp. 111-112.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Personalidades Alentejanas - PIRES, António Thomaz

(n. Elvas a 7 Março 1850; m. Elvas em 1913)

Filho de Manuel Justino Pires e de D. Francisca da Piedade Pires. Foi Secretário da Câmara Municipal e notabilizou-se no estudo da história e da etnografia de Elvas e do Alto Alentejo em geral.

Colaborou com Teófilo Braga, José Leite de Vasconcelos, Gonçalves Viana, Adolfo Coelho, entre outros.

As suas investigações foram publicadas em jornais e revistas regionais como Sentinela da Fronteira, O Elvense, Progresso de Elvas, Folha de Elvas, A Perola, O Bohemio, O Liberal, Correio Elvense, A Fronteira, nas secções literárias do Jornal da Manhã (Porto), Gazeta de Portugal (Lisboa), Globo (Lisboa), e nas revistas El Folk-lore Andaluz (Sevilha), El Folk-lore Bético-Estrermeño (Fregenal), Archivio per le tradizioni popolari (Palermo), Archivo de Ex-libris Portuguezes (Génova), Boletim da Sociedade de Geographia (Lisboa), Revista do Minho (Esposende), A Tradição (Serpa), O Archeologo Portuguez (Lisboa), Revista Lusitana (Lisboa), Portugalia (Porto), e Mundo Illustrado (Porto).

Da sua incansável pesquisa e recolha das riquezas folclóricas de Elvas e da sua região (canções, rimas populares, adivinhas, adágios, rifões e anexins, romances e orações, contos e jogos) resultaram várias obras de entre as quais se destacam: Cancioneiro popular politico (Elvas, 1891); Folk-lore portuguez. Setecentas comparações populares alentejanas (Esposende, 1892); Calendario rural (Elvas, 1893); Notas historico-militares (Elvas, 1898); Materiaes para a historia da vida urbana portuguesa (Lisboa, 1899) (Separata do Boletim da Sociedade de Geographia de Lisboa); Catalogo do Museu Archeologio da Camara Municipal de Elvas (Lisboa, 1901) (Separata de O Archeologo Portuguez); Contos populares portuguezes (Elvas, 1902-1912); Estudos e notas elvenses.

domingo, 13 de outubro de 2013

Personalidades Alentejanas - PICÃO, José da Silva

(n. Santa Eulália - Elvas - a 10 Março 1859; m. 18 Maio 1922)

Lavrador e escritor. Filho de D. Maria Francisca da Silva Lobão Telo e de Francisco de Assis Picão. Foi um autodidacta, pois desde cedo adquiriu hábitos inveterados de leitura. Dedicou-se ao estudo dos tratados agrícolas e pecuários e nas horas de descanso devorava os livros de Vítor Hugo, Camilo Castelo Branco, Balzac, Eça de Queiroz e Zola.

Foi um espírito arguto e esclarecido. Fruto do meio em que nasceu e sem preparação literária erudita, escreveu sobre a sua terra e a sua gente. Colaborou no periódico O Elvense, com o pseudónimo de João Chaparro e publicou alguns artigos na Portugália, revista de Ricardo Sereno, subordinados ao título “Etnografia do Alto Alentejo (concelho de Elvas)”. Em 1903 editou a obra Através dos Campos - Usos e costumes agrícolo-alentejanos (concelho de Elvas) a expensas do bibliófilo António José Torres de Carvalho.

Outro trabalho de Silva Picão foi A caminho da Cegonha. Aqui descreveu a odisseia de uma aldeia alentejana (Santa Eulália) condenada ao martírio periódico da falta de água, que dificilmente se adquiria em poços ou em escassos mananciais, de onde era tirada por meio de um chocalho. Esta é uma pequena obra-prima da literatura regional, pelo valor do estilo, acerto no emprego do vocabulário e rigor descritivo. Foi pela primeira vez publicada num pequeno opúsculo intitulado O Elvense de 1894. Em 1940 publicou-se uma nova edição desta novela regionalista.





In PICÃO, José da Silva - Através dos Campos: Usos e costumes agrícolo-alentejanos (concelho de Elvas). 2.ª Ed. Lisboa: Editora Guimarães, 1937. pp. XIII-XVIII.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Personalidades Alentejanas - PEREIRA, Gabriel Victor do Monte

(n. Évora em 1847; m. Lisboa em 1911)

Nasceu na antiga Rua da Ladeira, filho dum professor do ensino secundário. Fez em Évora todo o ensino primário e secundário, indo para Lisboa fazer os estudos preparatórios para entrar na Escola Naval, que veio a abandonar a instâncias da família. Matriculou-se depois na Escola Politécnica, mas não terminou o curso. Estudou Paleografia na Torre do Tombo, frequentando as aulas do Dr. João Pedro da Costa Branco.

Relacionando-se com vários estudantes que viriam a ser figuras destacadas do meio artístico e político português do fim-de-século XIX, destacando-se Brito Aranha, Mariano Cordeiro Freio, Gomes de Brito, António Enes e Rafael Bordalo Pinheiro. Num ambiente de tertúlia literária e artística, formou com estes jovens uma «Academia», que se reunia na Praça da Alegria em Lisboa, no estúdio de Rafael Bordalo Pinheiro.

Professor do Liceu de Setúbal, dedicou-se ao estudo da História e Arqueologia. Regressado a Évora com o encerramento do Liceu de Setúbal, é proposto pelo Dr. Augusto Filipe Simões e aceite como amanuense da secretaria da Santa Casa da Misericórdia de Évora (1872), tendo a seu cargo a organização e conservação do arquivo histórico desta instituição, num trabalho que lhe levou catorze anos.

Entregou-se à publicação de trabalhos que lhe possibilitaram a familiaridade com eruditos de vários países. Traduziu os escritores gregos e romanos clássicos que tratam da geografia da Península Ibérica, como Estrabão e Plínio. Em 1880, a Universidade de Coimbra confia-lhe a elaboração do índice provisório dos documentos do seu cartório, publicados sob o título Catálogo Provisório dos Pergaminhos da Universidade de Coimbra (1888). Entretanto, o seu trabalho na Santa Casa da Misericórdia de Évora foi de tal monta que, ao averiguar do paradeiro da documentação de bens considerados perdidos, conseguiu duplicar os rendimentos da instituição. A estes trabalhos seguiram-se a publicação dos Estudos Eborenses: História, Arte, Arqueologia num total de 37 folhetos em dois volumes (1886-1916).

Vereador da Câmara Municipal de Évora (Pelouro da Instrução) em 1886-1987, veio a ser convidado pelo seu antigo companheiro de juventude, António Enes, como «empregado extraordinário» da Biblioteca Nacional de Lisboa (1888), nomeado Inspector das Bibliotecas em 1902 e Inspector das Bibliotecas e Arquivos Nacionais, posteriormente. Foi membro da Real Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses, da Sociedade de Geografia e da Sociedade Literária Almeida Garrett.

Em 1919, uma lápide comemorativa foi colocada na casa onde viveu, e na antiga Rua da Ladeira (freguesia de Santo Antão), a placa toponímica passou a ter o seu nome. Em 1950, os seus restos mortais foram trasladados do cemitério do Alto de S. João (Lisboa), para o Cemitério dos Remédios em Évora, no talhão especialmente destinado aos homens mais ilustres da cidade.





In SILVA, Joaquim Palminha - Dicionário Biográfico de Notáveis Eborenses 1900/2000. Évora: Tip. Diário do Sul, 2004. pp. 103-104.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Personalidades Alentejanas - PAPANÇA, António Macedo (Conde de Monsaraz)

(n. Reguengos a 20 Julho 1852; m. Lisboa a 17 Julho 1913)

Filho de Joaquim Romão Mendes Papança. Bacharel formado em direito pela Universidade de Coimbra, recebendo o diploma em 1876, e depois agraciado com o título de Conde de Monsaraz. Foi Par do Reino; sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa, do Instituto de Coimbra e de outras corporações literárias. Colaborou com poesias em diversas publicações periódicas.

De entre as várias obras poéticas, destacam-se Crepusculares (Coimbra, 1876); Catharina de Athayde (1880); Telas históricas (1882).





In Dicionário Bibliográfico Português. Estudos de Innocencio Francisco da Silva applicaveis a Portugal e ao Brasil. Continuados e ampliados por P. V. Brito Aranha. Revistos por Gomes de Brito e Álvaro Neves [CD-ROM]. Lisboa, Imprensa Nacional, 1858-1923. Vol. XX, p. 249.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Personalidades Alentejanas - Garcia d'ORTA

(n. Castelo de Vide em 1501; m. Goa em 1568)

Os pais eram judeus (Fernando (Isaac) da Orta e de Leonor Gomes) e foram expulsos de Espanha em 1492. Estudou nas Universidades de Salamanca e Alcalá de Henares, diplomando-se em Artes, Filosofia natural e Medicina, por volta de 1523. Regressou a Castelo de Vide, onde exerceu medicina. Em 1525 instalou-se em Lisboa, e tornou-se médico de D. João III. Foi neste ambiente que conheceu o matemático Pedro Nunes. Em 1530 tornou-se professor da cadeira de Filosofia Natural nos Estudos Gerais em Lisboa.

Partiu para a Índia Portuguesa em 1534 como médico pessoal de Martim Afonso de Sousa, que foi para o Oriente como capitão-mor do mar da Índia entre 1534 e 1538 e governador de 1542 a 1545. Depois de acompanhar o seu patrono durante os quatro anos em que este granjeou grande prestígio em várias campanhas militares na Índia, Orta estabeleceu-se como médico em Goa, onde adquiriu grande reputação. Aí travou amizade com Luis de Camões. Graças ao seu serviço e amizade com o Vice-Rei, foi lhe doado o foro da cidade de Bombaim.

Em 1543 casou com uma rica herdeira: Brianda de Solis. Porém, desentenderam-se pouco tempo depois. Foi médico de vários governadores e do Sultão de Ahmadnagar, exercendo igualmente o comércio e outras actividades lucrativas. Apesar de nunca ter visitado a região do Golfo Pérsico ou de ter viajado para oriente de Ceilão, Orta contactou em Goa com comerciantes e viajantes de todas as nacionalidades e religiões.

Apesar de em vida, Garcia de Orta nunca ter tido directamente problemas com a Inquisição, logo após a morte esta iniciou uma feroz perseguição à sua família. A sua irmã, Catarina, foi condenada por Judaismo e queimada viva num Auto-de-Fé em Goa, em 1568. Esta perseguição culminou em 1580 com a exumação da Sé de Goa dos restos mortais do próprio médico e a sua condenação à fogueira por judaísmo.

Contrariamente à atitude dominante entre os médicos portugueses dos séculos XVI a XVIII, que consideravam o estudo da medicina como um tema menor, dirigindo os seus dotes literários para as observações clínicas, Garcia de Orta interessou-se prioritariamente pelo estudo das propriedades das drogas e medicamentos. O que perpetuou o seu nome foi o livro Colóquio dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia (Goa, 1563). Para além do seu valor científico, esta obra inclui a primeira poesia impressa da autoria de Luís de Camões. Escrito em português, e não em latim como era então a regra na literatura, o livro de Garcia de Orta só se tornou conhecido na Europa através da versão latina editada pelo médico e botânico Charles de l'Escluse ou Clusius (1525-1609), nome latino pelo qual é mais conhecido. Este publicou em 1567 a edição latina resumida e anotada intitulada Aromatum et Simplicium aliquot medicamentorum apud Indios nascentium historia. Além desta versão, os Colóquios circularam ainda em castelhano através do livro Tractado de las drogas y medicinas de las Indias Orientales (1578) do médico português Cristóvão da Costa (ca. 1525-1593).





Wikipédia, a enciclopédia livre. Garcia de Orta. [Online] URL: http://pt.wikipedia.org/wiki/Garcia_da_Orta. Acedido a 31 de Outubro de 2007.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Personalidades Alentejanas - LARANJO COELHO, Possidónio Mateus

(n. Castelo de Vide a 16 Novembro 1877)

Professor publicista, erudito conservador do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, notável paleógrafo e diplomatista. Fez o seu curso de preparatórios em Coimbra, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade em 1884, terminando a sua formatura a 18 de Julho de 1899. Em Agosto seguinte foi nomeado auditor administrativo de Portalegre, desempenhando ali as funções de secretário-geral e governador civil do distrito. Foi depois para Lisboa e, após a criação do antigo liceu da Lapa (actual Pedro Nunes), regeu, durante alguns anos, as disciplinas da secção de letras e igualmente no liceu de Coimbra.

Por decreto de 21 de Junho de 1908, foi nomeado 2.º conservador do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, sendo provido a 1.º conservador por decreto de 22 de Agosto de 1923. A 21 de Abril de 1920 foi nomeado paleógrafo da Academia das Ciências de Lisboa, substituindo por falecimento o general e académico Jacinto Inácio de Brito Rebelo, na publicação académica Monumentos Inéditos para a História das Conquistas Portuguesas, tendo sido eleito sócio correspondente da classe de Letras da mesma Academia a 27 de Março de 1924. Por decreto de 1 de Março de 1923 foi nomeado professor da cadeira de Diplomática do curso de Biblioteconomia e Arquivística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e em 1930 foi nomeado para dirigir os trabalhos práticos de investigações históricas dos alunos da secção de ciências históricas e filosóficas da mesma Faculdade. Criado em 1931 o Curso Superior de Bibliotecário Arquivista, foi nomeado professor da cadeira de Diplomática e Estragística desse curso. Fez parte da comissão permanente de catalogação de manuscritos e impressos raros.

Fundada a Academia Portuguesa da História (1936), foi nomeado seu sócio titular fundador e depois académico de número, membro do Conselho Académico e vogal da Comissão Instaladora. Em1946 torunou-se secretário geral desta Academia. Associou-se também em outras agremiações científicas: Associação dos Arqueólogos Portugueses (também seu antigo presidente), Instituto de Coimbra, Sociedade de Geografia de Lisboa, Instituto Histórico do Minho e Sociétè Française de Héraldique et de Sigillographie. Tomou parte em vários congressos de Associação Luso-Espanhola para o Progresso das Ciências.

Publicou O Castelo e a fortaleza de Marvão (Lisboa, 1916); Mouzinho da Silveira (Lisboa, 1918); Os cardadores de Castelo de Vide. Subsídios para a etnografia (indústrias) do distrito de Portalegre (Porto, 1921); Asilo de Cegos de Castelo de Vide (Lisboa, 1924); A Pederneira. Apontamentos para a história dos seus mareantes, pescadores, calafates e das suas construções navais nos séculos XV e XVII (Lisboa, 1924); Terras de Odiana. Subsídios para a sua história documentada. I - Medobriga-Aramenha-Marvão (Coimbra, 1924); Inéditos de Mouzinho da Silveira (Coimbra, 1925); As ordens de cavalarias no Alto Alentejo. I - Comendas da Ordem de Cristo, documentos para a sua história (Lisboa, 1926); A Biblioteca de Castelo de Vide (Coimbra, 1927); Os Portugueses na obra do Conde Henry de Castries (Coimbra, 1928); A correspondência de Possidónio da Silva (Lisboa, 1930); «Fernão Lopes Castanheda. Os livros desaparecidos da sua História do Descobrimento da Índia pelos Portugueses», in História da Literatura Portuguesa Ilustrada, vol. III (Lisboa, 1932); História do Descobrimento e Conquista da índia pelos Portugueses por Fernão Lopes de Castanheda, livros VII, VIII e IX, nova edição conforme a edição princeps (Imprensa da Universidade de Coimbra, 1933); Cartas do Dr. Augusto Mendes de Castro para o arqueólogo Possidónio da Silva (Figueira da Foz, 1935); As monografias locais na literatura histórica portuguesa, lições proferidas no Instituto de Altos Estudos da Academia de Ciências (Lisboa, 1935); Cartas de El-Rei D. João IV ao Conde da Vidigueira (Marquês de Nisa), Embaixador em França, vol. I; Cartas dos Governadores da Província do Alentejo a El-Rei D. João IV, vol. I; Cartas dos Governadores da Província do Alentejo a El-Rei D. João IV e a E.-Rei D. Afonso VI, vol. II; Cartas dos Governadores do Alentejo a El-rei D. Afonso VI, vol. III; Cartas de El-Rei D. João IV para diversas Autoridades do Reino, vol. V ( Academia das Ciências de Lisboa, 1940); Documentos inéditos de Marrocos - Chancelaria de D. João II, publicação dirigida por este académico em execução do plano elaborado pelo professor doutor David Lopes; idem, de colaboração com o professor da Universidade de Londres, Edgar Prestage; Correspondência Diplomática de Francisco de Sousa Coutinho - Durante a sua Embaixada na Holanda, vol. III.

Colaborou em várias revistas científicas e literárias, como o Boletim da Classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa, o Instituto de Coimbra, a Revista Lusitana, o Arqueólogo Português e a Arqueologia e História. Foi também colaborador da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.





In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XIV, pp. 699-700.