Páginas

Mostrando postagens com marcador 3-Lendas do Dist.Évora. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 3-Lendas do Dist.Évora. Mostrar todas as postagens

domingo, 2 de março de 2014

Lenda da Serra de Matamores

Dizem que na Serra do Mata Amores, Freguesia dos Fortios – Portalegre, há uma princesa encantada. Aparece a vender passas na manhã de S. João. Quem entrar na sua casa de pedra fica encantado.

Versão de Fortios (Portalegre) recolhida (em 1984) e publicada por Maria Tavares Transmontano (1997) – Subsídios para uma Monografia de Portalegre, Portalegre, Câmara Municipal de Portalegre: 132.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Lenda de Geraldo Geraldes, o sem pavor

Esta lenda passou-se no ano de 1166, no tempo em que Évora era ainda a Yeborath árabe, para grande desgosto de D. Afonso Henriques que a desejava como ponto estratégico da reconquista de Portugal aos Mouros. Geraldo Geraldes, um homem de origem nobre que vivia à margem da lei, era chefe de um bando de proscritos que habitavam num pequeno castelo nos arredores de Yeborath. Conhecido também pelo Sem Pavor, Geraldo Geraldes decidiu conquistar Évora para resgatar a sua honra e o perdão para os seus homens. Disfarçado de trovador rondou a cidade e traçou a sua estratégia de ataque à torre principal do castelo que era vigiada por um velho mouro e pela sua filha. Numa noite, o Sem Pavor subiu sozinho à torre e matou os dois mouros, apoderando-se em silêncio da chave das portas da cidade. Mobilizou os seus homens e atacou a cidade adormecida numa noite sem lua que, surpreendida, sucumbiu ao poder cristão. No dia seguinte, D. Afonso Henriques recebeu surpreendido a grande novidade e tão feliz ficou que devolveu a Geraldo Geraldes as chaves da cidade, bem como a espada que ganhara, nomeando-o alcaide perpétuo de Évora. Ainda hoje, a cidade ostenta no brasão do claustro da Sé, a figura heróica de Geraldo Geraldes e as duas cabeças dos mouros decepadas, para além de lhe dedicar a praça mais emblemática de Évora.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Lenda da Sempre Noiva

Esta lenda tem três versões, daí que esteja dividida em três partes.

Perto de Arraiolos, ergue-se um belo solar construído entre os séculos XV e XVI, que tem o nome romântico de Solar da Sempre-Noiva. A maioria dos monumentos desta época que ainda se encontram de pé são monumentos religiosos, como igrejas e conventos, ou então monumentos militares, como fortes e muralhas.
Este solar, embora em ruínas, é precioso, pois é uma das poucas casa em estilo manuelino que não desapareceu. Conserva ainda elegantes janelas com arcos de ferradura e uma arcaria a que se dá o nome de galilé.
A lenda da Sempre-Noiva está associada a esta propriedade, muito antes de existir o solar. Contam-se pelo menos três histórias com este nome!

A primeira sempre-noiva

Curiosamente, esta primeira lenda junta na mesma narrativa as duas tradições de Arraiolos, precisamente os tapetes e a Sempre-Noiva...
Ao que parece, no tempo das lutas entre cristãos e mouros, vivia ali uma donzela que ficou noiva em má altura pois no dia do casamento a vila foi atacada e o noivo teve de partir para o combate.
Nesse tempo as guerras prolongavam-se por tempos infinitos e, não raro, mal acabava uma começava outra!
Assim, quando passado muitos anos o rapaz voltou e quis casar, a noiva, contristada por ter perdido a beleza da juventude, demorou a aparecer! E quando os convidados já desesperavam que o casamento se efectuasse, ela apresentou-se coberta com um tapete para ocultar as «marcas do tempo».

A segunda sempre-noiva

A segunda Sempre-Noiva chamava-se Beatriz e era filha de D. Álvaro de Castro, irmão da malograda Inês de Castro e primeiro conde de Arraiolos. Beatriz era uma jovem de fulgurante beleza, não admira pois que um castelhano chamado Afonso de Trastâmara se apaixonasse por ela.
Mas estes foram tempos conturbados! Portugal estava em guerra com Castela.
Corria o ano de 1384, Lisboa estava cercada pelos espanhóis. O trono estava vago, e era o mestre de Avis quem comandava a resistência dentro da cidade. Beatriz encontrava-se também em Lisboa e, por qualquer motivo obscuro, o mestre de Avis suspendeu as hostilidades, deixou entrar um nobre espanhol chamado D. Pedro Álvares de Lara e casou-a com ele.
Esta festa deve ter parecido bastante bizarra aos olhos do povo, que dentro das muralhas sofria os tormentos da guerra!
Mas visto que decorreram seiscentos anos sobre o incidente,torna-se difícil ajuizar sobre os motivos que levaram as pessoas a proceder assim.
De qualquer forma, o casamento não chegou a consumar-se porque o noivo, regressando com Beatriz ao acampamento dos espanhóis, morreu de peste.
Afonso de Trastâmara recuperou a esperança de casar com a sua amada, mas morreu quando pelejava valentemente para a impressionar.
Depois da luta acabadas e de o mestre de Avis subir ao trono, Beatriz voltou a viver em Portugal e o rei lembrou-se de a dar em casamento a D. Nuno Álvares Pereira, que tinha ficado viúvo e a quem tinha sido dado o título de segundo conde de arraiolos. Mas ele recusou.
E consta que o rei, conversando com ela longamente a fim de encontrar marido que lhe conviesse, acabou por ficar ele próprio cativo da sua beleza! Talvez por isso, não só não voltou a escolher-lhe outro noivo como mandou matar Fernando Afonso que casou com ela secretamente. E mandou-o matar de uma forma cruel: queimado numa fogueira armada na praça pública, para toda a gente ver.

A terceira sempre-noiva

Também se chamava Beatriz a terceira Sempre-Noiva.
Era filha de D. Afonso de Portugal, arcebispo de Évora, que era um homem cheio de iniciativa. Mandou construir vários conventos e palácios, entre os quais este solar onde ela sempre residiu.
Esta menina estava noiva de um nobre espanhol, muito vaidoso mas muito medroso também!
Certo dia, passeando com ele pelos campos, surgiu um toiro tresmalhado que correu para eles. Em vez de a defender, o noivo fugiu a sete pés e foi o maioral quem veio garbosamente em seu socorro.
Esporeou o cavalo e conseguiu arrebatá-la no último instante! Conduziu-a depois na garupa até casa, e desse abraço ela não se libertou mais.
Apaixonara-se irremediavelmente pelo seu salvador. Mas nesse tempo uma menina nobre não podia casar com o seu criado...
Beatriz preferiu ficar solteira toda a vida, rejeitando com indiferença os mais ilustres pretendentes.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Lendas de Évora

O Alentejo tem cromeleques, o Alentejo tem antas, o Alentejo tem menires, o Alentejo tem o vaso campaniforme. A cada dia que passa são encontrados mais vestígios de povoados remotos. Tem, até, grutas habitadas há mais de 50 mil anos... O Alentejo é muito antigo.

O Dilúvio é muito mais moderno; no entanto as suas águas nunca o alagaram. Mas, as lendas mais antigas a que podemos aceder falam-nos da chegada de sobreviventes desse cataclismo. A Bíblia data o Dilúvio de cerca de 5000 a. C., mas a ciência coloca a hipótese de ele corresponder ao final da última glaciação, cerca de 16 000 a. C.

Na divisão territorial pós-diluviana, calhou a Túbal — filho de Jápeto e neto de Noé — vir navegando pelo Mediterrâneo até ao Atlântico, com as suas gentes, os Tubales, como lhes chamaram, com a finalidade de repovoar esta parte da Terra. Hoje é sabido que a faixa costeira da Península Ibérica nunca deixou de ser habitada desde as mais primitivas espécies humanas, mas lenda é lenda. Assim, Túbal desembarcou num local aprazível, na foz de um grade rio, dando origem à primeira povoação peninsular depois do Dilúvio: Cet Túbal, «acampamento de Túbal», isto é, Setúbal.

Esses Tubales, internaram-se no Alentejo, e passaram a ser conhecidos como Galos, que, ao que parece, na linguagem da época significava «os alagados» ou «salvos das águas». Em breve, segundo alguns, toda a região tomou o nome de Gália, embora outros a designem por Tubália. Mais tarde, houve quem lhes chamasse Túrdulos Antigos e os venerasse como sábios. Deles se dizia que possuíam riquíssima literatura, história e direito, em verso. A sua forma escrita terá resistido até ao advento dos Romanos, que tudo destruíram.

Mas a lenda pós-diluviana não fica por aqui: um primo, um irmão ou um familiar de Túbal, chamado Elbur, nessa ida pelo Alentejo adiante, terá fundado a cidade de Évora.

Ora, Elbur era hermafrodita. Assim, como homem casou e teve uma filha, à qual chamou Évora. Morrendo-lhe a mulher, tomou ele a forma feminina e, chamando-se então Elbura, voltou a casar. Ao dar à luz um filho, que nomeou Evorinho, morreu.

Évora e Evorinho cresceram na torre que Elbur/Elbura construíra, e que ainda lá está. Começaram a governar a cidade em conjunto, mas cada uma das facções que apoiava um e o outro desejava o poder exclusivo. Assim, os dois irmãos acabaram por se zangar e separar. Ora, um dia, Evorinho propôs a paz à irmã, aconselhado pelos seus sectários que o induziram a uma traição. Montou-se um grande banquete para celebrar as pazes, na torre de Elbur/Elbura, banquete esse em que estavam presentes todos os habitantes da cidade. A certa altura, Evorinho atraiu a irmã ao alto da torre, a pretexto de recordar os pais, mas com a finalidade de a matar, empurrando-a cá para baixo. Évora, apercebendo-se da intenção do irmão, no momento em que ele ia empurrá-la, resistiu, lutou e... acabaram por cair, morrendo agarrados um ao outro. São as suas cabeças que as armas da cidade perpetuam.

Esta lenda da fundação de Évora é singular no conjunto lendário português, por ser a única história até agora encontrada com um ser hermafrodita. É provável que este fundo lendário demonstre a junção de dois povos diferentes na região de Évora.

Mas, as antiquíssimas lendas de fundação, referentes ao Alentejo, não se ficam por aqui. Muitas são as histórias que referem a saída de gente desta região, para fundar cidades e nações. Uma delas, a da mulher, Roma, que fundou a cidade do mesmo nome; outra, a de Tera, filha do rei da Grande Planície, que foi fundar Tara, na Irlanda.

Mais moderna, e vinda directamente de Inglaterra, chega-nos a história da fundação de York. Conta a lenda que, quando os Romanos aqui chegaram, uma parte da população de Évora recusou-se a aceitar o jugo do intruso. Assim, meteu pés ao caminho e, depois de muito andar, instalou-se numa zona do Sul de Inglaterra, fundando uma localidade à qual deu o nome da sua pátria longínqua: Eboracum. Com o tempo, a palavra foi evoluindo e transformou-se na actual York, passando a designar também toda a região envolvente. Chamava-se Ebraucus o primeiro rei de York. Acrescenta a lenda que construiu um templo a Diana, onde foi sepultado.

Este nome de Diana é, como se sabe, o que foi dado pelos Romanos à velha deusa-mãe peninsular, Ana, que acaba por passar à história, ironicamente, com a designação que lhe foi dada pelos Invasores.

Estas são as lendas!