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terça-feira, 27 de agosto de 2013

O lobisomem (Beja)

Segundo a tradição, colhida em vários relatos, a acção de queimar as roupas do lobisomem, que este despia quando ia fazer as suas correrias durante a noite, parecia ser o meio mais comum de livrar uma pessoa do seu triste destino. 
Esta acção pruficadora / salvadora tinha porém, os seus riscos, pois desencadeava poderosas forças maléficas, tornando o lobisomem violento. 
Enquanto as roupas ardem, é vulgar ouvirem-se gritos e violentas pancadas são aplicadas nas portas das casas onde se faz a fogueira. É o momento purificador para o lobisomem e o de maior tensão para o salvador. 
Com o fim do fogo, terminado o feitiço, o homem salvo aparece tranquilo, nú e inocente. Ficou Livre. 
Este Mito passou-se em Beja há muitos anos. Um rapaz, que era lobisomem, saía de casa por volta da meia noite, para se ir encontrar com outros lobisomens e com bruxas numa encruzilhada. 
Daí saíram juntos e iam para o campo onde se despiam e dançavam em roda. Numa noite, quando ele se transformava, uma pessoa da sua família viu-o e apoderou-se das roupas para as queimar. 
Se o conseguisse fazer, poderia acabar coma sina do lobisomem ao seu familiar. O desvio da roupa foi feito com cuidado pois, se o lobisomem o tivesse presenciado, poderia correr atrás da pessoa e matá-la. 
O familiar do lobisomem levou as roupas para um casão, para aí as queimar, tendo tido o cuidado de fechar bem o portão do casão, onde fez uma fogueira. 
Logo que começou a queimar as roupas, começaram a ouvir-se grande sgrunhidos e fortes pancadas no portão. Embora com medo, pois as pancadas no portão eram cada vez mais fortes, o familiar do lobisomem continuou a queimar as roupas. 
Com receio, ficou no casão até de manhã. Ao amanhecer, abriu o portão. Lá estava o rapaz estendido, nú, como uma pessoa inocente. O fadário de lobisomem estava quebrado.

domingo, 25 de agosto de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Cabidela Alentejana


Ingredientes
1 galinha
1 colher (sopa) de vinagre
1 cebola
1 ramo de salsa
100 gr de banha
1 dente de alho
1 folha de louro
Sal
Pimenta
Água


Confecção
Mexe-se o sangue da galinha com o vinagre. Com a banha, a cebola, a salsa, o dente de alho já picado, o louro, o sal e a pimenta faz-se um refogado. Quando a cebola estiver mole, junta-se a galinha aos bocados, deixando-a alourar. Cobre-se com água quente. Cozer com o tacho bem tapado. Assim que estiver pronta, mistura-se o sangue, levanta fervura e serve-se logo num prato coberto com arroz de manteiga.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Personalidades Alentejanas - LARANJO COELHO, Possidónio Mateus

(n. Castelo de Vide a 16 Novembro 1877)

Professor publicista, erudito conservador do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, notável paleógrafo e diplomatista. Fez o seu curso de preparatórios em Coimbra, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade em 1884, terminando a sua formatura a 18 de Julho de 1899. Em Agosto seguinte foi nomeado auditor administrativo de Portalegre, desempenhando ali as funções de secretário-geral e governador civil do distrito. Foi depois para Lisboa e, após a criação do antigo liceu da Lapa (actual Pedro Nunes), regeu, durante alguns anos, as disciplinas da secção de letras e igualmente no liceu de Coimbra.

Por decreto de 21 de Junho de 1908, foi nomeado 2.º conservador do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, sendo provido a 1.º conservador por decreto de 22 de Agosto de 1923. A 21 de Abril de 1920 foi nomeado paleógrafo da Academia das Ciências de Lisboa, substituindo por falecimento o general e académico Jacinto Inácio de Brito Rebelo, na publicação académica Monumentos Inéditos para a História das Conquistas Portuguesas, tendo sido eleito sócio correspondente da classe de Letras da mesma Academia a 27 de Março de 1924. Por decreto de 1 de Março de 1923 foi nomeado professor da cadeira de Diplomática do curso de Biblioteconomia e Arquivística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e em 1930 foi nomeado para dirigir os trabalhos práticos de investigações históricas dos alunos da secção de ciências históricas e filosóficas da mesma Faculdade. Criado em 1931 o Curso Superior de Bibliotecário Arquivista, foi nomeado professor da cadeira de Diplomática e Estragística desse curso. Fez parte da comissão permanente de catalogação de manuscritos e impressos raros.

Fundada a Academia Portuguesa da História (1936), foi nomeado seu sócio titular fundador e depois académico de número, membro do Conselho Académico e vogal da Comissão Instaladora. Em1946 torunou-se secretário geral desta Academia. Associou-se também em outras agremiações científicas: Associação dos Arqueólogos Portugueses (também seu antigo presidente), Instituto de Coimbra, Sociedade de Geografia de Lisboa, Instituto Histórico do Minho e Sociétè Française de Héraldique et de Sigillographie. Tomou parte em vários congressos de Associação Luso-Espanhola para o Progresso das Ciências.

Publicou O Castelo e a fortaleza de Marvão (Lisboa, 1916); Mouzinho da Silveira (Lisboa, 1918); Os cardadores de Castelo de Vide. Subsídios para a etnografia (indústrias) do distrito de Portalegre (Porto, 1921); Asilo de Cegos de Castelo de Vide (Lisboa, 1924); A Pederneira. Apontamentos para a história dos seus mareantes, pescadores, calafates e das suas construções navais nos séculos XV e XVII (Lisboa, 1924); Terras de Odiana. Subsídios para a sua história documentada. I - Medobriga-Aramenha-Marvão (Coimbra, 1924); Inéditos de Mouzinho da Silveira (Coimbra, 1925); As ordens de cavalarias no Alto Alentejo. I - Comendas da Ordem de Cristo, documentos para a sua história (Lisboa, 1926); A Biblioteca de Castelo de Vide (Coimbra, 1927); Os Portugueses na obra do Conde Henry de Castries (Coimbra, 1928); A correspondência de Possidónio da Silva (Lisboa, 1930); «Fernão Lopes Castanheda. Os livros desaparecidos da sua História do Descobrimento da Índia pelos Portugueses», in História da Literatura Portuguesa Ilustrada, vol. III (Lisboa, 1932); História do Descobrimento e Conquista da índia pelos Portugueses por Fernão Lopes de Castanheda, livros VII, VIII e IX, nova edição conforme a edição princeps (Imprensa da Universidade de Coimbra, 1933); Cartas do Dr. Augusto Mendes de Castro para o arqueólogo Possidónio da Silva (Figueira da Foz, 1935); As monografias locais na literatura histórica portuguesa, lições proferidas no Instituto de Altos Estudos da Academia de Ciências (Lisboa, 1935); Cartas de El-Rei D. João IV ao Conde da Vidigueira (Marquês de Nisa), Embaixador em França, vol. I; Cartas dos Governadores da Província do Alentejo a El-Rei D. João IV, vol. I; Cartas dos Governadores da Província do Alentejo a El-Rei D. João IV e a E.-Rei D. Afonso VI, vol. II; Cartas dos Governadores do Alentejo a El-rei D. Afonso VI, vol. III; Cartas de El-Rei D. João IV para diversas Autoridades do Reino, vol. V ( Academia das Ciências de Lisboa, 1940); Documentos inéditos de Marrocos - Chancelaria de D. João II, publicação dirigida por este académico em execução do plano elaborado pelo professor doutor David Lopes; idem, de colaboração com o professor da Universidade de Londres, Edgar Prestage; Correspondência Diplomática de Francisco de Sousa Coutinho - Durante a sua Embaixada na Holanda, vol. III.

Colaborou em várias revistas científicas e literárias, como o Boletim da Classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa, o Instituto de Coimbra, a Revista Lusitana, o Arqueólogo Português e a Arqueologia e História. Foi também colaborador da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.





In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XIV, pp. 699-700.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Paço Ducal de Vila Viçosa


Autor David Freitas
Data Fotografia 1950 -
Legenda Paço Ducal de Vila Viçosa
Cota DFT7553 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

sábado, 17 de agosto de 2013

Uma Luz Misteriosa (Beringel)

As histórias de lobisomens e de bruxas eram vulgares no meio rural tradicional. 
Maus encontros com animais a horas tardias, doenças provocadas por mau querer (feitiçarias), filtros de amor (beberagens para atrair ou afastar paixões, visões, vozes, são elementos do vasto manancial do imaginário popular sobre forças maléficas.

Há, contudo, outro tipo de histórias que são comuns a várias aldeias e vilas do Alentejo.

É o caso da estranha luz que, de noite, acompanhava os viajantes (normalmente pastores, almocreves e, mais recentemente, tractoristas que de noite procedem às grandes charruadas). 
Era uma luz que seguia o caminhante sem, contudo, o incomodar. Conheci algumas pessoas que afirmavam terem sido seguidas por essa luz. A luz acompanhava o viajante, seguindo a seu lado, parando quando este parava, e acompanhando a velocidade da deslocação.

Nenhuma das pessoas que conheci, e que afirmavam ter estado em contacto com o fenómeno, esboçou qualquer reacção. Para essa passividade contribuiu seguramente o facto de ser conhecida a reacção da luz quando atacada.

O fim da história que apresentamos é relativamente benéfico. Com efeito, noutras descrições, que a tradição popular registra, a luz, quando hostilizada, conduz à morte do atacante.

 História veridica: Algures na região de Beringel (Beja), o meu pai tinha um amigo que não acreditava em coisas estranhas, daquelas que se contam nas aldeias. 
Naquele tempo, corria o boato de que havia no campo uma espécie de luz de cor vermelha que andava de um lado para o outro, mas que não se deixava ver de perto.
Amigos do meu avô afirmavam que já a tinham visto, e esse homem que não acreditava disse, na brincadeira: 
“Se eu a encontrar, desfaço-a toda aos bocados com o meu cajado” 
O que vos conto a seguir é a narração do próprio. 
“Numa noite, eu ia guinado a minha charrete e lá estava à minha frente a luz vermelha parada em cima do muro.

 Saí, peguei no cajado e disse com ar forte e corajoso: 
Já que aí estás, então espera, que já vais ver o que é para a saúde! E assim dirigi-me até junto dela e tentei dar-lhe com o cajado, mas não consegui porque ela se desviou.
Continuei à cajadada com ela, mas falhava sempre e ia ficando mais furioso. Voltei para a charrete quando ela se voltou contra mim. Não sei o que aconteceu (parecia que estava levando uma grande tareia) e desmaiei. 
Os cavalos voltaram para casa e eu fui na charrete como morto. 
Na manhã seguinte, a minha mulher, já preocupada, foi ver se eu estava dormindo na charrete.

Ela diz que eu estava com a roupa toda rasgada, todo cheio de sangue, que parecia morto. Mas estava apenas desmaiado. Depois a minha mulher tratou de mim e nunca mais quis ouvir falar dessa luz.”

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Rabinhos de Porco com Feijão

Ingredientes: 
1 tigela de feijão vermelho
1 kg de rabinhos de porco
azeite
5 dentes de alho
2 cebolas
3 cenoras
salsa
sal e pimenta

Preparação:
De véspera, demolhe o feijão bem coberto de água. Também de véspera, escalde os rabinhos de porco e raspe-os bem. Depois de bem lavados, corte em pedaços e tempere com sal. No dia de os cozinhar, lave novamente a carne e deixe-a de molho em água durante 1 hora para perder o excesso de sal. Cubra com azeite o fundo de um tacho de barro. Junte o feijão escorrido, os pedaços de carne, os alhos picados, as cebolas descascadas e cortadas em meias-luas largas, as cenouras cortadas em tiras e um pouco de salsa picada. Cubra bem com água fria e tempere com pimenta. Tape o tacho e cozinhe em lume brando, até o feijão e a carne estarem macios e o molho apurado. Rectifique os temperos e polvilhe, já fora do lume, com salsa picada.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sala de Hércules, no Paço de Vila Viçosa


Sala de Hércules no Paço dos Duques de Bragança, em Vila Viçosa. Esta imagem está publicada no Inventário Artístico de Portugal de Túlio Espanca (Distrito de Évora, Zona Sul, Volume II)

Autor David Freitas
Data Fotografia 1978 ant. -
Legenda Sala de Hércules, no Paço de Vila Viçosa
Cota DFT503 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

domingo, 11 de agosto de 2013


Rua de Monsaraz vista de uma das portas da vila.

 Autor David Freitas
 Data Fotografia 1950 - 1970
Legenda Rua de Monsaraz 
Cota DFT1033.1 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Lenda de Beja

Todas as terras, principalmente do Sul, têm a sua lenda.
Muito ao contrário das lendas de outras terras, que metem geralmente moiras encantadas, Beja também tem a sua lenda.

E esta pretende justificar a razão porque se encontra no escudo da cidade a cabeça de um toiro. 
Diz-nos a lenda: - «Muito antes dos lusitanos, o local onde hoje se encontra a nobre cidade de Beja com as suas muralhas romanas, com os seus prédios góticos, com a mesquita árabe, com o castelo do princípio da monarquia portuguesa e, consequentemente, essa Beja com documentos que representam 4 civilizações, era pequeno povo que vivia em cabanas cobertas de colmo, que apenas se empregava no exercício da caça.

Todos esses campos ubérrimos de pão que vemos hoje, eram um compacto matagal, impossível em alguns pontos de ser penetrado pelo homem».

«E uma serpente, uma serpente monstro que tudo matava, tudo triturava, era a horrível preocupação do povo que habitava no local que mais tarde, no tempo dos romanos, se havia de chamar Pax-Júlia, depois no domínio árabe se chamou Buxú e presentemente se chama Beja».
«Um ardil porém germinou no cérebro de um habitante dessa região: Envenenar um toiro, deitá-lo para a floresta onde existia a tal serpente. Aprovada por todos essa ideia, o toiro foi envenado e deitado para o local indicado».

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Ensopado de Borrego à Moda do Alentejo

Ingredientes:
1 kg de borrego (sela e costeletas)
farinha
100 grs. de banha
250 grs. de cebolas
3 dentes de alho
1 folha de louro
1 colher de chá de pimenta em grão
sal
1 ponta de malagueta de piripiri
1 colher de chá de pimentão doce
1 ramo de salsa
pão de véspera
3 colheres de sopa de vinagre

Preparação: 
Corte o borrego em bocados e passe por farinha. Aloure em 50 grs. de banha. Entretanto, corte as cebolas e os alhos em rodelas e, juntamente com o louro e a pimenta em grão, faça um refogado pouco puxado com a restante banha. Junte o borrego, tempere com sal, a malagueta de piripiri, o colorau doce, a salsa e junte água que achar necessária para ensopar o pão. Deixe cozer. Corte o pão em fatias e coloque-as na terrina. Na altura de servir retire a carne. Leve o caldo ao lume com o vinagre e deite-o a ferver sobre o pão. Sirva a carne ao mesmo tempo numa travessa.

sábado, 3 de agosto de 2013

Personalidades Alentejanas - MOURA, José Diniz da Graça Motta e

(n. Nisa)

Frequentou a Universidade de Coimbra em 1839. Escreveu Julio e Carolina, ou a victima do capricho e do engano. Drama original em 3 actos e 3 quadros (Coimbra, 1839).




In Dicionário Bibliográfico Português. Estudos de Innocencio Francisco da Silva applicaveis a Portugal e ao Brasil. Continuados e ampliados por P. V. Brito Aranha. Revistos por Gomes de Brito e Álvaro Neves [CD-ROM]. Lisboa, Imprensa Nacional, 1858-1923. Vol. IV, pp. 306.

Vaqueiro


Autor António Passaporte 
Data Fotografia 1940 - 1960 
Legenda Vaqueiro
Cota APS0171 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Fortaleza de Juromenha


Fortaleza de Juromenha: vista dos baluartes, das ruínas da Torre de Menagem e das ruínas da Igreja da Misericórdia.
Autor David Freitas
Data Fotografia 1965 -
Legenda Fortaleza de Juromenha
Cota DFT745 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME