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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Lenda da Fonte dos Cães - Castelo de Vide

Contava-se que uma noite vindo um rapaz de namorar, resolveu dessedentar-se. 
Quanto o fazia apareceu-lhe um homem que lhe disse:
“Então estás a beber as sobras da minha cozinha?”
Como o moço se mostrasse espantado logo o levou junto de uma placa de pedra por cuja argola puxou.
Apareceu uma escada de mármore por onde desceram e que dava acesso a um maravilhoso palácio.
Após a visita o estranho homem disse:
“Se quiseres ganhar todas estas riquezas só terás de vir amanhã à meia-noite. Há-de aparecer um touro e tu hás-de-lhe aparar três sortes.”
Ao outro dia o rapaz na mira de enriquecer de um momento para o outro ter-se-ia deslocado à fonte à hora combinada, onde viu o touro que investiu nele.
Aguentou a primeira e a segunda investidas, mas cheio de medo desistiu à terceira.
Então ouviu uma voz dizer:
“Ah! Ladrão! Que me dobraste o encanto!...”

Versão de Castelo de Vide, recolhida e publicada por Maria Guadalupe Transmontano Alexandre (1976) – Etnografia, Linguagem e Folclore de Castelo de Vide, Viseu, Junta Distrital de Portalegre.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Favas Guisadas

Ingredientes
Para 4 a 6 pessoas
3 kg de favas
150 g de toucinho
200 g de chouriço de carne
1 molhinho de coentros
2 folhas de alho
200 g de pão
sal

Preparação
Escolhem-se as favas bem tenras e lavam-se depois de descascadas.
Corta-se o toucinho ás tirinhas e o chouriço ás rodelas e fritam-se num tacho em lume brando. Retiram-se quando tiverem largado bastante gordura.
A esta gordura junta-se o molhinho de coentros ao qual se ataram as duas folhas de alho. Deixa-se fritar um pouco e juntam-se-lhe então as favas. Tapam-se e deixam-se cozer, agitando o tacho e juntando pinguinhos de água à medida que vai sendo necessário para impedir que as favas agarrem ao fundo do tacho e se queimem.
A meio da cozedura das favas, introduz-se novamente o toucinho e o chouriço e deixa-se apurar bem.
Coloca-se numa travessa ou num prato fundo (prato de meia cozinha) o pão cortado ás fatias sobre as quais se deitam as favas.
Acompanha-se com salada de alface cegada, isto é, cortada em caldo-verde e temperada com coentros e hortelã picados, azeite, vinagre, sal e um pouco de água.

Receita retirada de Receitas e Menus

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RIBEIRO, Aquilino

(n. Carregal de Tabosa - Sernancelhe - em 1885; m. Lisboa em 1963)

Foi um dos romancistas portugueses mais fecundos da primeira metade do século XX. Frequentou o colégio jesuíta da Lapa e os seminários de Lamego, Viseu e Beja. Em 1906 abandonou o seminário e fixou-se em Lisboa, dedicando-se à defesa da república através de textos conspiratórios. Devido a uma explosão no seu quarto, onde morrem dois carbonários, foge para Paris e só regressa em 1914. Dedicou-se então ao ensino e juntou-se ao grupo da Seara Nova. Entre 1927 e 1928, sofreu algumas perseguições e chegou mesmo a ser preso, conseguindo fugir novamente para Paris. Em 1959, foi-lhe movido um processo censório pelo seu romance Quando os Lobos Uivam.

A sua obra romanesca insere-se numa linha camiliana e destacam-se os seguintes volumes: Andam Faunos pelos Bosques (1926); A Casa Grande de Romarigães (1957); O Malhadinhas e Quando os Lobos Uivam (1958). Estas representam tendências constantes na sua ficção: um regionalismo apegado à terra campesina e às suas gentes, sem perder universalidade nos seus carácteres e descrições; uma ironia terna e complacente perante os vícios humanos comuns; uma crítica violenta da opressão política e do fanatismo ideológico; uma atenção inebriada ao pulsar do torrão campestre, tanto como à vibração sensual do corpo no ser humano.

Centro Virtual Camões. Literatura Portuguesa - Aquilino Ribeiro (1885-1963). [Online] URL: http://www.instituto-camoes.pt/cvc/literatura/AQUILINO.HTM. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

Projecto Vercial. Aquilino Ribeiro. [Online] URL: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/aquilino.htm. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Lenda da Fonte do Martinho - Castelo de Vide

Havia uns reis que tinham uma filha que andava a namorar.
Como o pretendente à mão da princesa não era do agrado dos pais, eles resolveram encantá-la no lago do Martinho, o que fizeram de noite.
Simplesmente não viram que a um canto da fonte estava uma mulher agachada.
Como não havia relógios, ela levantou-se para ir lavar, julgando que era mais tarde.
Entre a meia-noite e a uma hora chegaram ao lago três pessoas: pai, mãe e filha.
Depois de ser confiada à princesa uma grande riqueza (deram-lhe dinheiro), foi encantada com a recomendação de oferecer o tesouro a quem a desencantasse.
Ao outro dia, logo a mulher que assistira à cena foi à fonte e bradou pela menina.
Esta acudiu, foi desencantada e disse-lhe:
“A tua riqueza podia ser a dobrar se tivesses esperado mais três ou quatro anos.”

Versão de Castelo de Vide, contada por Maria Francisca, recolhida e publicada por Maria Guadalupe Transmontano Alexandre (1976) – Etnografia, Linguagem e Folclore de Castelo de Vide, Viseu, Junta Distrital de Portalegre: 61 – 62.


domingo, 15 de dezembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Gaspacho do Baixo Alentejo

Ingredientes
2 ou 3 batatas cozidas e frias
2 dentes de alho
4 ou 5 tomates bem maduros sem pele
1 pepino médio
pão Alentejano (de preferência do dia anterior)
sal, vinagre, azeite q.b.
àgua fresca

Preparação
Pica-se o alho bem miudinho e pisa-se no almofariz juntamente com o sal, transferindo-se depois a pasta para a tijela (grande ) onde se vai fazer o gaspacho.
Picam-se as batatas cozidas e desfazem-se de igual modo.
Pelam-se os tomates e com as mãos desfaz-se parte deles, sendo o restante picados em bocados miudinhos.
Pela-se o pepino e pica-se em quadradinho muito, muito pequeninos.
Junta-se água bem fresca, a gosto (dependendo se gosta do caldo mais ou menos espesso).
Rectifica-se o sal e tempera-se de azeite e vinagre a gosto.
Corta-se o pão em cubinhos e junta-se ao preparado.
Experimente acompanhar o gaspacho com sardinhas assadas, peixe frito, ou ainda uns bocados de chouriço ou presunto Alentejano.

Receita retirada de Receitas e Menus

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RESENDE, Garcia de

(n. Évora em 1470; m. Évora em 1536)

Escritor, desenhador e músico português. De origem nobre, pertencia à mesma família que André de Resende e André Falcão de Resende.

Manteve-se ligado à corte, tendo sido, desde 1490, moço de câmara e secretário particular de D. João II. Homem próximo do rei D. Manuel, foi encarregado por este de várias missões, incluindo a de secretário da embaixada enviada a Leão X, sob a chefia de Tristão da Cunha. Quando voltou, D. Manuel nomeou-o fidalgo da sua casa e escrivão do príncipe D. João, futuro Rei.

Por força da sua doença, viu-se impossibilitado de atender às cortes, e como D. João III o achava indispensável, Garcia de Resende convenceu-o a realizar a cortes em Évora.

Garcia de Resende foi um hábil desenhador e arquitecto. Durante muito tempo pensou-se que teria desenhado uma custódia, que hoje se atribui a Gil Vicente, e elaborou o plano da sua capela tumular no mosteiro do Espinheiro. Desenhou também o plano de uma fortaleza que D. João II pensou construir em frente à torre da Caparica, mas que posteriormente veio a ser a Torre de Belém. Foi também responsável por delinear as festas do casamento do príncipe D. Afonso.

Compilou o célebre Cancioneiro Geral de 1516, também conhecido como Cancioneiro de Garcia de Resende. A obra reúne mais de mil composições em português e castelhano de cerca de 286 poetas palacianos da época. Nesta obra também se encontram reunidas uma série de produções suas, principiadas com a famosa questão «Cuidar e Suspirar», debatida na corte de D. João II em 1483, por causa de D. Leonor da Silva, dama muito requisitada. A maioria das composições poéticas são amorosas e satíricas, correspondendo na sua estrutura formal à redondilha-maior, habitualmente utilizada época. Os poetas contidos no Cancioneiro pertencem ao período desde o começo da segunda metade do séc. XIV até quase ao fim do primeiro quartel do séc. XVI.

Garcia de Resende escreveu outras composições poéticas como as Trovas à Morte de D. Inês de Castro, tema da poesia lírica por ele inaugurado. Grande admirador de D. João II (que acompanhou até à sua morte), escreveu Vida e Feitos de D. João II (1533), para o qual aproveitou grandemente a crónica de Rui de Pina, e que vale, sobretudo, pela vivacidade do retrato do monarca.

Foi ainda autor de uma Miscelânea e Variedade de Histórias (1554), esboço histórico da vida nacional e internacional do seu tempo, escrito em verso. No conjunto, a sua obra escrita é de extrema importância para o conhecimento da época, já que nos descreve com elevado detalhe os usos, costumes, trajos, cerimónias, convívio e relações sociais. A sua última obra foi o Sermão dos Três Reis Magos, que compôs já no último ano da sua vida, para se confortar do desgosto que os frades do Espinheiro lhe causaram nas frustradas negociações para a missa quotidiana na capela que fizera erigir.

Escreveu cedo o seu testamento, deixando expressa a sua vontade de ser erigida uma capela em honra de N.ª S.ª do Egipto, perto do mosteiro do Espinheiro, para lá ser sepultado.Com a extinção das ordens religiosas, a capela foi violada, sendo a sua pedra tumular vendida. Durante muitos anos esta pedra serviu de tampo de mesa numa casa particular, até ser recuperada e devolvida ao mosteiro do Espinheiro em 1903.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXV, pp. 236-238.

Enciclopédia Universal Multimédia on-line.História da Literatura Portuguesa - Resende, Garcia de. [Online] URL: http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/geral?tipo=2&p=-1&texto=resende%2C+garcia. Acedido a 5 de Novembro de 2007.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Lenda da Fonte do Capitão - Ribeira de Nisa

Nas hortas ao pé da Fonte do Capitão anda de há muito uma moura encantada. Em dias certos aparece ao povo com um tabuleirinho de passas, mas nunca ninguém as quis comer. Só no dia em que isso acontecer é que ela será desencantada.

Versão de Ribeira de Nisa (Portalegre) contada por Aníbal Candeias Tavares (n. 1973) cerca de 1986. Recolhida e publicada por Ruy Ventura (1996) – “Algumas Lendas da Serra de São Mamede”, separata de Ibn Maruán – Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 6, Dezembro: 33.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Gaspacho Alentejano

Ingredientes
200 g de pão alentejano duro
3 tomates maduros de tamanho médio
1 pimento verde pequeno
1/2 pepino
4 dentes de alho
4 colheres (sopa) de azeite
4 colheres (sopa) de vinagre
orégãos secos
1,5 l de água gelada
1 colher (sopa) de sal grosso

Preparação
Pisam-se os dentes de alho com sal, num almofariz.
Escalda-se e pela-se um tomate, retiram-se-lhe as grainhas e reduz-se a puré.
Misturam-se estes ingredientes, formando uma papa, e deitam-se no fundo de uma terrina.
Rega-se com parte do azeite, o vinagre, e polvilha-se com os orégãos secos, que devem ser esfarelados entre as mãos.
Corta-se o restante tomate e pepino em pequenos cubos, e o pimento em tiras finas.
Introduz-se tudo na terrina e juntam-se o restante azeite e a água gelada.
Por fim, corta-se o pão em fatias e depois, à mão, em pequenos pedaços, introduz-se no caldo.
Pode ser servido com presunto, azeitonas e mesmo acompanhando sardinhas assadas.

Receita retirada de Receitas e Menus

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RESENDE, André Falcão de

(n. Évora em 1527; m. Lisboa em 1599)

Era sobrinho de Garcia de Resende e primo de André de Resende. Frequentou as Universidades de Évora e Coimbra onde se formou em Artes e Lei Canónica, respectivamente. Seguiu a carreira de magistratura, foi juiz de fora em Torres Vedras e noutras vilas e cidades, e também auditor da Casa de Aveiro.

Foi amigo de Camões, poeta cujo estilo procurou imitar, de tal modo que durante muito tempo se pensou ser deste autor a obra Microcosmographia e descripção do Mundo Pequeno que é o Homem. Compou-lo em português, castelhano e latim. Publicou em Madrid os poemas Theocristo e Mundo Pequeno. Traduziu em oitavas as Homilias do cardeal D. Henrique. No livro Relação do solene recebimento que se fez em Lisboa às Santas Relíquias que se levaram à Egreja de S.Roque da Companhia de Jesus, do Padre Manuel de Campos foram publicadas muitas das suas poesias.

Em 1860 publicou-se um manuscrito com as Obras do Licenciado André Falcão de Resende, natural de Évora. Esta obra contem a Microcosmografia e 78 sonetos, 7 odes, 5 epístolas, 12 sátiras, 4 epitalâmios, 1 elegia, 7 estâncias, 1 epigrama, 2 sextilhas, 2 vilancetes, 32 versões de odes de Hóracio, a sátira 9ª do livro 1º do mesmo poeta e várias prosas.
 
In Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa: Editorial Verbo, 1983. Vol. 16, pp. 384-386.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXV, p. 233.