Páginas

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Lenda da Fonte do Martinho - Castelo de Vide

Havia uns reis que tinham uma filha que andava a namorar.
Como o pretendente à mão da princesa não era do agrado dos pais, eles resolveram encantá-la no lago do Martinho, o que fizeram de noite.
Simplesmente não viram que a um canto da fonte estava uma mulher agachada.
Como não havia relógios, ela levantou-se para ir lavar, julgando que era mais tarde.
Entre a meia-noite e a uma hora chegaram ao lago três pessoas: pai, mãe e filha.
Depois de ser confiada à princesa uma grande riqueza (deram-lhe dinheiro), foi encantada com a recomendação de oferecer o tesouro a quem a desencantasse.
Ao outro dia, logo a mulher que assistira à cena foi à fonte e bradou pela menina.
Esta acudiu, foi desencantada e disse-lhe:
“A tua riqueza podia ser a dobrar se tivesses esperado mais três ou quatro anos.”

Versão de Castelo de Vide, contada por Maria Francisca, recolhida e publicada por Maria Guadalupe Transmontano Alexandre (1976) – Etnografia, Linguagem e Folclore de Castelo de Vide, Viseu, Junta Distrital de Portalegre: 61 – 62.


domingo, 15 de dezembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Gaspacho do Baixo Alentejo

Ingredientes
2 ou 3 batatas cozidas e frias
2 dentes de alho
4 ou 5 tomates bem maduros sem pele
1 pepino médio
pão Alentejano (de preferência do dia anterior)
sal, vinagre, azeite q.b.
àgua fresca

Preparação
Pica-se o alho bem miudinho e pisa-se no almofariz juntamente com o sal, transferindo-se depois a pasta para a tijela (grande ) onde se vai fazer o gaspacho.
Picam-se as batatas cozidas e desfazem-se de igual modo.
Pelam-se os tomates e com as mãos desfaz-se parte deles, sendo o restante picados em bocados miudinhos.
Pela-se o pepino e pica-se em quadradinho muito, muito pequeninos.
Junta-se água bem fresca, a gosto (dependendo se gosta do caldo mais ou menos espesso).
Rectifica-se o sal e tempera-se de azeite e vinagre a gosto.
Corta-se o pão em cubinhos e junta-se ao preparado.
Experimente acompanhar o gaspacho com sardinhas assadas, peixe frito, ou ainda uns bocados de chouriço ou presunto Alentejano.

Receita retirada de Receitas e Menus

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RESENDE, Garcia de

(n. Évora em 1470; m. Évora em 1536)

Escritor, desenhador e músico português. De origem nobre, pertencia à mesma família que André de Resende e André Falcão de Resende.

Manteve-se ligado à corte, tendo sido, desde 1490, moço de câmara e secretário particular de D. João II. Homem próximo do rei D. Manuel, foi encarregado por este de várias missões, incluindo a de secretário da embaixada enviada a Leão X, sob a chefia de Tristão da Cunha. Quando voltou, D. Manuel nomeou-o fidalgo da sua casa e escrivão do príncipe D. João, futuro Rei.

Por força da sua doença, viu-se impossibilitado de atender às cortes, e como D. João III o achava indispensável, Garcia de Resende convenceu-o a realizar a cortes em Évora.

Garcia de Resende foi um hábil desenhador e arquitecto. Durante muito tempo pensou-se que teria desenhado uma custódia, que hoje se atribui a Gil Vicente, e elaborou o plano da sua capela tumular no mosteiro do Espinheiro. Desenhou também o plano de uma fortaleza que D. João II pensou construir em frente à torre da Caparica, mas que posteriormente veio a ser a Torre de Belém. Foi também responsável por delinear as festas do casamento do príncipe D. Afonso.

Compilou o célebre Cancioneiro Geral de 1516, também conhecido como Cancioneiro de Garcia de Resende. A obra reúne mais de mil composições em português e castelhano de cerca de 286 poetas palacianos da época. Nesta obra também se encontram reunidas uma série de produções suas, principiadas com a famosa questão «Cuidar e Suspirar», debatida na corte de D. João II em 1483, por causa de D. Leonor da Silva, dama muito requisitada. A maioria das composições poéticas são amorosas e satíricas, correspondendo na sua estrutura formal à redondilha-maior, habitualmente utilizada época. Os poetas contidos no Cancioneiro pertencem ao período desde o começo da segunda metade do séc. XIV até quase ao fim do primeiro quartel do séc. XVI.

Garcia de Resende escreveu outras composições poéticas como as Trovas à Morte de D. Inês de Castro, tema da poesia lírica por ele inaugurado. Grande admirador de D. João II (que acompanhou até à sua morte), escreveu Vida e Feitos de D. João II (1533), para o qual aproveitou grandemente a crónica de Rui de Pina, e que vale, sobretudo, pela vivacidade do retrato do monarca.

Foi ainda autor de uma Miscelânea e Variedade de Histórias (1554), esboço histórico da vida nacional e internacional do seu tempo, escrito em verso. No conjunto, a sua obra escrita é de extrema importância para o conhecimento da época, já que nos descreve com elevado detalhe os usos, costumes, trajos, cerimónias, convívio e relações sociais. A sua última obra foi o Sermão dos Três Reis Magos, que compôs já no último ano da sua vida, para se confortar do desgosto que os frades do Espinheiro lhe causaram nas frustradas negociações para a missa quotidiana na capela que fizera erigir.

Escreveu cedo o seu testamento, deixando expressa a sua vontade de ser erigida uma capela em honra de N.ª S.ª do Egipto, perto do mosteiro do Espinheiro, para lá ser sepultado.Com a extinção das ordens religiosas, a capela foi violada, sendo a sua pedra tumular vendida. Durante muitos anos esta pedra serviu de tampo de mesa numa casa particular, até ser recuperada e devolvida ao mosteiro do Espinheiro em 1903.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXV, pp. 236-238.

Enciclopédia Universal Multimédia on-line.História da Literatura Portuguesa - Resende, Garcia de. [Online] URL: http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/geral?tipo=2&p=-1&texto=resende%2C+garcia. Acedido a 5 de Novembro de 2007.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Lenda da Fonte do Capitão - Ribeira de Nisa

Nas hortas ao pé da Fonte do Capitão anda de há muito uma moura encantada. Em dias certos aparece ao povo com um tabuleirinho de passas, mas nunca ninguém as quis comer. Só no dia em que isso acontecer é que ela será desencantada.

Versão de Ribeira de Nisa (Portalegre) contada por Aníbal Candeias Tavares (n. 1973) cerca de 1986. Recolhida e publicada por Ruy Ventura (1996) – “Algumas Lendas da Serra de São Mamede”, separata de Ibn Maruán – Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 6, Dezembro: 33.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Gaspacho Alentejano

Ingredientes
200 g de pão alentejano duro
3 tomates maduros de tamanho médio
1 pimento verde pequeno
1/2 pepino
4 dentes de alho
4 colheres (sopa) de azeite
4 colheres (sopa) de vinagre
orégãos secos
1,5 l de água gelada
1 colher (sopa) de sal grosso

Preparação
Pisam-se os dentes de alho com sal, num almofariz.
Escalda-se e pela-se um tomate, retiram-se-lhe as grainhas e reduz-se a puré.
Misturam-se estes ingredientes, formando uma papa, e deitam-se no fundo de uma terrina.
Rega-se com parte do azeite, o vinagre, e polvilha-se com os orégãos secos, que devem ser esfarelados entre as mãos.
Corta-se o restante tomate e pepino em pequenos cubos, e o pimento em tiras finas.
Introduz-se tudo na terrina e juntam-se o restante azeite e a água gelada.
Por fim, corta-se o pão em fatias e depois, à mão, em pequenos pedaços, introduz-se no caldo.
Pode ser servido com presunto, azeitonas e mesmo acompanhando sardinhas assadas.

Receita retirada de Receitas e Menus

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RESENDE, André Falcão de

(n. Évora em 1527; m. Lisboa em 1599)

Era sobrinho de Garcia de Resende e primo de André de Resende. Frequentou as Universidades de Évora e Coimbra onde se formou em Artes e Lei Canónica, respectivamente. Seguiu a carreira de magistratura, foi juiz de fora em Torres Vedras e noutras vilas e cidades, e também auditor da Casa de Aveiro.

Foi amigo de Camões, poeta cujo estilo procurou imitar, de tal modo que durante muito tempo se pensou ser deste autor a obra Microcosmographia e descripção do Mundo Pequeno que é o Homem. Compou-lo em português, castelhano e latim. Publicou em Madrid os poemas Theocristo e Mundo Pequeno. Traduziu em oitavas as Homilias do cardeal D. Henrique. No livro Relação do solene recebimento que se fez em Lisboa às Santas Relíquias que se levaram à Egreja de S.Roque da Companhia de Jesus, do Padre Manuel de Campos foram publicadas muitas das suas poesias.

Em 1860 publicou-se um manuscrito com as Obras do Licenciado André Falcão de Resende, natural de Évora. Esta obra contem a Microcosmografia e 78 sonetos, 7 odes, 5 epístolas, 12 sátiras, 4 epitalâmios, 1 elegia, 7 estâncias, 1 epigrama, 2 sextilhas, 2 vilancetes, 32 versões de odes de Hóracio, a sátira 9ª do livro 1º do mesmo poeta e várias prosas.
 
In Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa: Editorial Verbo, 1983. Vol. 16, pp. 384-386.

In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda., [195-]. Vol. XXV, p. 233.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Lenda da Escusa (Marvão)

[Diz-se que] S. Tiago […] viera [ao Porto da Espada] com os Cristãos perseguir os Mouros, e ao passar pela Escusa de hoje, tivera dito:
- “Ali se escusa de ir.”

Versão de Porto da Espada (Aramenha, Marvão), recolhida e publicada por Maria Tavares Transmontano (1979) – Subsídios para a Monografia do Porto da Espada […] (Concelho de Marvão), Viseu, Junta Distrital de Portalegre: 16.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Perninhas de Rã

Ingredientes
Perninhas de rã
tomate
cebola
alho
sal
pimentão verde
pimenta

Preparação
Faz-se um molho com tomate, cebola e alho e deixa-se refogar. Depois passa-se o molho pelo passador, devendo ficar grosso. As perninhas de rã devem estar já bem lavadas e temperadas com sal, após o que se colocam no molho e vão cozendo em lume brando, com umas tiras de pimentão verde e pimenta.

Receita retirada de Receitas e Menus

sábado, 23 de novembro de 2013

Personalidades Alentejanas - RESENDE, André de

(n. Évora ca. 1500, m. Évora em 1573)

Humanista português. Ingressou com dez anos no convento da ordem de São Domingos. Frequentou depois várias universidades espanholas, como as de Alcalá de Herares e Salamanca. Doutorando-se nesta última.

Em 1533 foi convidado para mestre do infante D. Duarte. Transferiu-se por essa altura da ordem dominicana para a situação de clérigo secular. Regia, simultaneamente, a cadeira de Humanidades na Universidade de Lisboa, passando a leccionar, em 1537, na de Coimbra.

André de Resende foi, provavelmente, o pioneiro da arqueologia em Portugal, à qual se dedicou com zelo, devendo-se-lhe o primeiro estudo dos monumentos epigráficos da época romana em Portugal. Foi sepultado em Évora, no claustro do convento de São Domingos.

Deixou-nos numerosos manuscritos em latim e português (livros, opúsculos, poemas, estudos arqueológicos), sendo as suas obras principais Encomium Urbis et Academiae Lovaniensis (1530); Erasmi Encomium, Carmen Eruditum et Elegans (1531); In Erasmomastigas Iambi (1531); De Vita Aulica (1533); Oratio Pro Rostris (oração de sapiência na abertura da Universidade de Lisboa, em 1534); Vincentius Levita et Martyr (1545); História da Antiguidade da Cidade de Évora (1553); Vida do Infante D. Duarte e as obras póstumas Ad Bartholomaeum Kebedium (1576) e Antiquitatum Lusitaniae (1600).

Revelou-se ainda como compositor musical, sendo da sua autoria o Ofício de São Gonçalo e o Ofício de Santa Isabel.

Enciclopédia Universal Multimédia on-line. História da Literatura Portuguesa - Resende, André de. [Online] URL: http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/geral?tipo=2&p=-1&texto=resende. Acedido a 18 de Outubro de 2007.

domingo, 17 de novembro de 2013

Lenda da Cova da Moura - (Porto da Espada, Aramenha)

Em tempos que já lá vão, em vésperas da manhã de S. João, chegou à porta duma mulher, que morava perto da Cova da Moura, um homem que lhe pediu pousada.

Como a mulher lha cedesse, depois de cear, pendurou o bornal que trazia numa estaca de madeira na parede interior da chaminé, foi deitar-se, e logo adormeceu.

O mesmo não sucedeu à dona da casa que, cheia de curiosidade, logo que a ocasião lho permitiu, levantou-se e foi abrir o bornal. Como nele estavam três bolos, quis prová-los, cortou um, tendo o cuidado de o pôr sob os outros. À madrugada o cavaleiro levantou-se, pegou no bornal, e dirigiu-se à Cova da Moura onde estavam três irmãs encantadas.

À primeira deu-lhe um bolo que se transformou num cavalo, que partiu a galope levando-a para a Mourama.

À segunda aconteceu o mesmo que à primeira, e à terceira, cheio de surpresa, deu-lhe o bolo partido que se transformou num cavalo coxo que a não pode levar com rapidez antes do sol nascer para junto das irmãs, e por isso ali ficou eternamente encantada, esperando em cada manhã de S. João o cavaleiro que nunca mais apareceu!...

Versão de Porto da Espada (Marvão), recolhida e publicada por Maria Tavares Transmontano (1979) – Subsídios para a Monografia do Porto da Espada […] (Concelho de Marvão), Viseu, Junta Distrital de Portalegre: 25.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Gastronomia Tradicional Alentejana - Miolos de Borrego

Ingredientes
2 mioleiras
6 ovos
1 cebola pequena
1 pãozinho pequeno esfarelado
4 rins de borrego
banha q.b.
sal q.b.

Preparação
Cozem-se as mioleiras em água e sal, fritam-se os rins aos bocadinhos, pica-se a cebola que se frita em banha juntamente com o rim. Batem-se os ovos, põe-se o miolo de pão, juntam-se a mioleira e os ovos ao rim e mexe-se tudo muito bem. Está pronto a servir.

Receita retirada de Receitas e Menus

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Personalidades Alentejanas - REAL, Jerónimo Corte

(n. Lisboa em 1530?; m. Évora em 1588)

Terá nascido em Lisboa de uma família nobre e faleceu em Évora. Serviu como militar em Marrocos e na Índia. Tornou-se conhecido com o Segundo Cerco de Diu (1574), poema em vinte e dois cantos dedicado ao rei D. Sebastião. O poema celebra os feitos militares de D. João de Castro e de D. João de Mascarenhas no cerco que a cidade de Diu sofreu em 1546. Escreveu também em quinze cantos e em castelhano a Austríada (1578) e o Naufrágio de Sepúlveda (1598). Os poemas têm um tom laudatório e relevam da poesia épica. O autor reflecte a decadência do império português nos finais do século XVI.

As suas principais obras são: Sucesso do Segundo Cerco de Diu, Estando D. João de Mascarenhas por Capitão da Fortaleza (Lisboa, 1574); Austríaca ou Felicissima Victoria Concedida del Cielo al Señor D. Juan de Austria en el golfo de Lepanto de la Poderosa Armada Otomana en el Año de Nuestra Salvación de 1572 (Lisboa, 1578); Naufrágio e Lastimoso Sucesso da Perdição de Manuel de Sousa Sepúlveda e Dona Leonor De Sá Sua Mulher (Lisboa, 1594); Auto dos Quatro Novíssimos do Homem, no Qual Entra também uma Meditação das Penas do Purgatório (Lisboa, 1768).

Projecto Vercial. Jerónimo Corte Real. [Online] URL: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/creal.htm. Acedido a 18 de Outubro de 2007.