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quinta-feira, 10 de julho de 2014

A Gastronomia no Alentejo Litoral

O Alentejo Litoral apresenta uma grande diversidade gastronómica, pois, dada a proximidade do mar, incorpora variados pratos de peixe e marisco, contrariamente à cozinha alentejana em geral, dominada pela carne de porco e de borrego.

A gastronomia da região é, para além disso, tradicionalmente sazonal. Novembro, Dezembro e Janeiro eram os meses da matança do porco. Os borregos eram mortos na Páscoa. O ensopado de borrego, o borrego assado no forno ou então guisado com ervilhas, entre outros cozinhados, são verdadeiras iguarias. A esta tradição juntam-se as épocas em que surgem algumas das verduras ou dos temperos para as recorrentes sopas ou açordas: os coentros, os poejos, a hortelã e muitos mais.

Além das migas, à base de carne de porco, ou dos pratos de borrego, no Alentejo Litoral surgem frequentemente o ensopado de enguias e o tradicional caldo de cação. Desde o séc. XVI que este peixe é uma presença habitual à mesa. Um pouco por toda a região, a caldeirada e o peixe grelhado, além de outras iguarias de origem marinha, compõem a riqueza da cozinha litoral alentejana.

Contudo, as carnes, nomeadamente os enchidos, não deixam de ocupar um lugar de destaque. O porco é temperado com massa de pimentão e, não raras vezes, conservado e cozinhado na sua própria manteiga. Entre os enchidos, predominam as linguiças, os chouriços de sangue e os paios, que se encontram à venda em todos os talhos da região. Em muitas padarias e mercearias pode-se adquirir os famosos e muitos apreciados bolos de torresmos.

O pão é, como em todo o Alentejo, uma componente essencial de toda a alimentação. A este nobre alimento juntam-se os queijos regionais e os vinhos.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Gastronomia Alentejana - Bolo Real

Concelho: Alcácer do Sal

Ingredientes:
500 g de açúcar
250 g de miolo de amêndoa ralada
10 gemas de ovos + 5 ovos inteiros
200 g de pão ralado
1 colher de canela em pó
1 chávena de ovos moles
10 claras de ovos batidas em suspiro com 10 colheres de sopa rasas de açúcar

Preparação:
Leve o açúcar ao lume até fazer ponto de cabelo. Retire-o do lume, junte as amêndoas raladas, as dez gemas e os cinco ovos inteiros e leve novamente ao lume até fazer castelo pequeno. Retire novamente do lume e adicione o pão ralado. Trabalhe muito bem esta mistura, junte a canela e deite-a numa forma bem untada com margarina e polvilhada com farinha sem a encher completamente. Leve ao forno brando e deixe cozer. Depois de arrefecer, desenforme, abra ao meio e recheie com metade dos ovos-moles. Bata as dez claras em castelo forte, junte dez colheres rasas de açúcar, continue a bater até ficarem em merengue. No momento de servir, salpique com a outra metade dos ovos-moles.

Gastronomia Alentejana - Feijoada de Buzios

Concelho: Sines

Ingredientes:
600 g de miolo de búzios
0,5 kg de feijão encarnado ou catarino
2 tomates pelados
1 pimento verde
1 ramo de salsa
1 folha de louro
2 dentes de alho
2 cebolas
1 dl de azeite
sal, pimenta e piripiri q.b.


Preparação:
Num recipiente coloque o feijão a demolhar em água fria com uma antecedência de 12 horas. Depois de demolhado, lave e ponha a cozer, num tacho em água fria. Em seguida, coza o miolo dos búzios em água e sal durante 45 a 60 minutos. Depois de cozido, retire para um recipiente e deixe arrefecer. Corte em pedaços. À parte, num tacho, refogue em azeite o alho e a cebola picada finamente. Adicione a folha de louro e o ramo de salsa e deixe alourar. Depois, junte o pimento, previamente limpo de sementes, lavado e cortado em cubos pequenos. Entretanto, tire o pedúnculo ao tomate. Escalde em água a ferver para que a pele e as sementes saiam facilmente. Pique o tomate e ponha no refogado. Deixe apurar. Adicione os pedaços de búzios e tempere com sal, pimenta e piripiri. Acrescente o feijão já cozido e uma parte do líquido da sua cozedura e leve a ferver até apurar.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Lendas do Alentejo Litoral - Lenda da origem do nome de Grândola

Conta-se então que, antigamente, a zona de Grândola estava cheia de mato, no qual se escondia muita caça grossa, como por exemplo, javalis e veados.

Os príncipes do reino vinham para aqui caçar em grupo, juntamente com os seus caçadores e criados. Um dos príncipes, D. Jorge de Lencastre, construiu neste local uma casa, para ficar por cá uns dias e preparar as suas pândegas com os seus amigos e caçadores. Juntaram-se a este grupo muitos caçadores e houve necessidade de edificar mais casas, nascendo assim uma pequena aldeia. Certo dia, no fim de uma caçada, abateram um enorme e gordo javali. Enquanto cozinhavam num grande caldeirão, alguém terá exclamado:

- Oh!!! Que grande olha!

Daí em diante o lugar passou a chamar-se “Grandolha”, mais tarde “Grandolla”, até atingir a forma actual de Grândola.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Gastronomia Alentejana - Areias de Sines

Concelho: Sines

Ingredientes:
500 g de açúcar
150 g de amêndoa
180g de doce de chila
1 colher de sopa de manteiga
10 gemas
1 ovo inteiro
1 colher de sopa de farinha

Preparação:
Leve o açúcar ao lume com 2 dl de água até fazer uma calda fraca. Junte a manteiga e a amêndoa pelada e ralada e misture bem, retire do lume e deixe arrefecer. Bata o ovo com a farinha e junte ao preparado anterior. Adicionar as gemas ligeiramente batidas e o doce de chila. Mexa bem. Deite a massa em formas pequenas, untadas com manteiga e polvilhadas com farinha. Leve ao forno bem quente (250º C) durante cerca de 10 minutos. Corte quadrados de papel de seda de várias cores e embrulhe as areias utilizando dois papéis de cores diferentes sobrepostos para cada areia.

Lendas do Alentejo Litoral - Lenda da represa romana

Uma mulher que, numa noite de luar, conduzia uma vaca, ao passar junto de uma represa, viu sobre esta uma moura que se penteava com um pente de ouro. Disse-lhe a moura:

- A tua vaca vai ter dois bezerros iguais; não uses o leite dela a não ser para os alimentar e, quando forem adultos, vem apresentar-mos.

Nasceram efectivamente dois bezerros idênticos, brancos, e na verdade a mulher não deu outro destino ao leite da vaca que não o recomendado pela moura. Porém, um dia perante o rogo de uma vizinha que necessitava urgentemente de leite para acudir a um enfermo, cedeu-lhe parte do que tinha na vasilha. Logo reconheceu o erro cometido e, irritada, derramou o resto do leite sobre um dos bezerros, que, de imediato e com grande espanto seu, se viu ficar coberto de malhas. Quando os animais ficaram adultos, a mulher conduziu-os de noite até ao local da represa. Aí lhe apareceu a moura, que ordenou que os levasse para dentro de água, ao que ofereceram alguma resistência.

Apareceu então uma canga sobre os bois, que começaram a puxar algo que estava soterrado nas areias depositadas e que, ao emergir daquelas, se revelou surpreendente: uma enorme trave de ouro reluzente. Cedo se quebrou o encanto, o boi malhado cedeu e ajoelhou logo, afundando-se a trave e desaparecendo a moura. Ouviu-se então uma voz:

- Carriba boi bragado, tiravas a trave de ouro se não te têm o leite roubado.

domingo, 6 de julho de 2014

Lendas do Alentejo Litoral - Anta 2

A anta fica no cimo do sítio do Outeiro do Ouro, a uns três km e ao sul de Grândola, sobranceira à estrada que vai daquela vila a Santiago do Cacém. Do local goza-se dilatado horizonte, pois o Outeiro do Ouro é um dos mais altos de ali.

Diz o povo que nesse outeiro está enterrado um tacho cheio de ouro, com as asas de fora, e que quanto mais se cava para o procurar, mais ele se enterra. Não se entende como é que, estando o tacho com as asas de fora, se enterra cada vez mais, a não ser que elas sejam muito compridas, mas assim conta a lenda. Sem dúvida que o nome do outeiro se relaciona com a lenda – ou esta lhe deu origem ou vice-versa.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Lendas da Serra de Matamores

A serra do Mata Amores teve origem no nome Mato de Mouros.
Dizem as pessoas que em tempos que já lá vão, aparecia nessa zona uma princesa moura, de beleza rara e que vivia nas pedras. 
Todos a desejavam ver, mas ela só aparecia na manhã de S. João com um tabuleiro de passas à cabeça para oferecer às pessoas. Diz a lenda que quem entrasse na sua casa ficava encantado e nunca mais regressava.

Versão de Fortios (Portalegre), recolhida pelos alunos da Escola Básica do Primeiro Ciclo de Fortios e publicada em http://www.eb1-fortios.rcts.pt/

domingo, 15 de junho de 2014

Lenda da Serra de Frei Álvaro

Na serra de Frei Álvaro está uma serpente verde muito velha que é um encantamento. Quem conseguir quebrá-lo encontrará um tesouro.

Versão de Ribeira de Nisa (Portalegre) contada por Aníbal Candeias Tavares (n. 1973) cerca de 1986. Recolhida e publicada por Ruy Ventura (1996) – “Algumas Lendas da Serra de São Mamede”, separata de Ibn Maruán – Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 6, Dezembro: 32.