A ponte romana da Portagem tinha que ser feita numa só noite.
Eram quatro galos e não sabiam qual cantava primeiro. Então os mouros meteram mão ao trabalho, porque, se cantasse o galo preto, tinham que largar tudo, pois corriam perigo.
Mas por sorte cantou primeiro o galo amarelo e gritaram todos:
“Trabalha o martelo!”
E continuaram com toda a pressa. E cantou o galo pedrês:
“E toca a trabalhar a torquês!”
E ainda com mais pressa porque já tinham cantado dois galos. E cantou o galo branco e gritaram todos:
“Ainda não me espanto!”
E mais pressa tinham. Só faltava o preto que era o do perigo. E lá canta o preto.
“Oh, com esse não me meto!”
Toca a largar tudo sem tão pouco olhar para trás.
E assim sendo, conta a lenda que ficou a ponte por acabar, pois faltava colocar a última pedra.
Versão de Portalegre, registada em 2001 por Rita de Jesus Cordas Barroqueiro (n. Reguengo, 1934) e transcrita por Ruy Ventura (2005) – Contos e Lendas da Serra de São Mamede, antologia breve, Almada, Associação de Solidariedade Social dos Professores: 81.
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