Na manhã de S. João, aparecia ao pé da fonte uma menina com um tabuleiro de nozes, que as oferecia a quem a visse. Como ninguém aceitasse partir uma só noz, ela permanece encantada até que alguém numa manhã de S. João lhe quebre o encanto. Se acaso ninguém a visse, deixava na terra as suas pegadas.
Que também ao pé do tanque um homem viu uma serpente que procurava lamber-lhe as mãos, para assim se desencantar.
Também no velho convento, dentro de uma pedra que tinha letras que ninguém entendia, havia um encanto. Para quebrarem esse encanto, foram três homens, os quais riscaram no chão um quadrado, acenderam três velas, e começaram a ler o livro de S. Cipriano. O que aconteceu ao lerem o primeiro capítulo, não se lembrava a pessoa, mas ao lerem o segundo, o mato começou a crescer dentro da casa, e as velas apagavam-se e acendiam-se por si. No último capítulo ouviram um barulho medonho vindo do interior da pedra, bem como uma voz que dizia:
- “Não tenteis tirar o encanto, senão morrereis.”
Os homens não fizeram caso, mas o barulho cresceu como se fossem montanhas a cair, e eles fugiram cheios de medo.
Versões de Ribeira de Nisa (Portalegre), recolhidas e publicadas por Maria Tavares Transmontano (1989) – Subsídios para a Monografia da Ribeira de Nisa (Concelho de Portalegre), Portalegre, Edição da Autora: 37 – 38.
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