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terça-feira, 15 de abril de 2014

Lenda da Pedra da Moura

No sítio em que o rio Caia se aproxima da ribeira de Arronches, fica uma grande pedra que está sempre rodeada por água. Nela está uma moura encantada.

O pai da moura, que era rei, queria que ela casasse com um nobre escolhido por ele, mas a princesa não quis casar, porque gostava de um príncipe mouro que estava na guerra. Por isso foi encantada na pedra.

Nas noites de São João, a moura senta-se na pedra a cantar canções delicadas ao jovem guerreiro.

Quem passar nessa noite pela pedra da moura, morre. Mesmo quem não acredita na lenda não passa pela pedra da moura na noite de São João.

Versão, de proveniência desconhecida, recolhida por Maria Guadalupe Transmontano Alexandre e publicada por Ruy Ventura (2005) – Contos e Lendas da Serra de São Mamede, antologia breve, Almada, Associação de Solidariedade Social dos Professores: 102.

sábado, 5 de abril de 2014

Lenda da Moura dos Fortios

Dizem que um moço, ao voltar do namoro, passou por uma velhinha com um tabuleiro de passas, que lhe disse:

- “Tire uma passinha.”

Ele recusou, ela insistiu, e ele tirou duas passas. Quando já tinha andado um bom bocado de caminho, lembrou-se de comer uma passa, mas ficou espantado ao encontrar duas moedas de ouro. Voltou ao sítio onde tinha encontrado a velha, e ali encontrou o tabuleiro com meio braço humano. Pensando no ouro levantou o meio braço, e então ouviu tantos gemidos e tão fortes, que faziam tremer o chão.

Largou-o cheio de medo.

Versão de Fortios (Portalegre), recolhida (em 1984) e publicada por Maria Tavares Transmontano (1997) – Subsídios para uma Monografia de Portalegre, Portalegre, Câmara Municipal de Portalegre: 133 – 134.

terça-feira, 25 de março de 2014

Lenda da Moura do Reguengo

Ao lado da ermida de S. Mamede nasce um ribeiro chamado da Azenha Queimada. Desde de socalco em socalco, até despenhar-se de cascata em cascata, sobre uma massa rochosa, com metro e meio de profundo, um de largura e dois de comprimentos.

A lenda diz que está ali uma moura encantada.

As mulheres diziam com convicção que em certos dias viam olhos de azeite e bocadinhos de alface à superfície da água.

Certo dia, um homem que vinha dos lados da ermida passou junto à cova da moura, e viu uma jovem duma beleza que nunca tinha visto. Tão surpreendido ficou, que mal lhe disse: “Deus te salve”.

A jovem disse-lhe:

“Sei que és boa pessoa, e a tua mulher também. Leva-lhe este cinto para ela usar.”

O homem agradeceu, e pôs-se a caminho. Ao entrar no souto da Quinta da Relva, deparou com um castanheiro que tinha uma pernada quase a tocar no chão. Resolveu pôr o cinto em volta dela, para ver o efeito que iria causar, quando a mulher o pusesse. De repente, o ramo onde tinha posto o cinto partiu-se. E o homem repetiu: “Meu Deus, se o tivesse posto à minha mulher!”

Imediatamente ouviu a moura dizer:

“Ingrato, que dobraste o meu encanto!”

O homem fugiu cheio de medo.

Diz a lenda: se o homem tivesse levado o cinto e a mulher o tivesse posto, nesse momento quebrava-se o encanto da moura, seguindo ela o seu destino.

Assim, ficou novamente a moura encantada, até que se lhe depare nova oportunidade.

Versão de Reguengo (Portalegre), recolhida por Manuel António Sequeira e publicada por Maria Tavares Transmontano (1997) – Subsídios para a Monografia de Portalegre, Portalegre, Câmara Municipal de Portalegre: 132 – 133.